O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, discursou nesta quinta-feira (25) na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Impedido de viajar a Nova York após ter seu visto negado pelo governo dos EUA, o líder palestino falou por videoconferência.
Em seu apelo, Abbas solicitou que a comunidade internacional adote medidas para viabilizar a construção do Estado Palestino, tendo Jerusalém Oriental como capital. Ele também pediu o bloqueio da expansão ilegal de Israel na Cisjordânia e a interrupção do que chamou de genocídio na Faixa de Gaza.
Críticas a Israel e ao Hamas
Em seu discurso, Abbas listou oito medidas para construir a paz e denunciou planos expansionistas de Israel em toda a região. O líder fez duras críticas à política israelense, afirmando que a ação em Gaza será registrada como um dos capítulos mais horríveis da humanidade.
“O que Israel está realizando não é meramente uma agressão. É um crime de guerra e um crime contra a humanidade”, lamentou o presidente da ANP. As ações de Israel em Gaza já são classificadas como genocídio por diversos países e associações de direitos humanos.
Abbas também se posicionou contra o Hamas, criticando o ataque de 7 de outubro de 2023 por visar civis israelenses. Ele enfatizou que tais ações não representam o povo palestino nem sua luta por liberdade. O líder defendeu que o Hamas e outras organizações deverão entregar suas armas à ANP.
A Viabilização do Estado Palestino
O chefe da ANP reafirmou o desejo de uma transição pacífica, com a criação de um Estado moderno e democrático. “Desejamos um Estado moderno e democrático que respeite o direito internacional, o Estado de Direito e o multilateralismo”, afirmou.
Para isso, uma comissão já foi designada para redigir a Constituição provisória, com previsão de conclusão em três meses, para que a Autoridade se transforme em Estado. Abbas indicou que a ANP está pronta para assumir total responsabilidade pela governança e segurança na Faixa de Gaza.
Apesar dos apelos internacionais, Israel já declarou que não permitirá a construção de um Estado Palestino. O governo de Tel Aviv reivindica toda a cidade de Jerusalém como sua capital, uma medida que conta com o apoio dos Estados Unidos.
Expansão na Cisjordânia
Mahmoud Abbas denunciou a expansão dos assentamentos ilegais de Israel na Cisjordânia. Ele argumentou que essa política tem o objetivo de inviabilizar a construção do Estado palestino, citando o plano E1, que dividiria a Cisjordânia em duas partes.
Abbas lembrou que a ANP reconhece o direito de Israel existir e que os Acordos de Oslo foram sistematicamente minados pelos sucessivos governos de Tel Aviv.
No total, 149 dos quase 190 países-membros da ONU já reconhecem a Palestina. Países como Reino Unido, Austrália e França têm passado a reconhecer o direito da Palestina de ser um Estado, gerando reação contrária de Israel e EUA.