O partido La Libertad Avanza (LLA), do presidente ultraliberal da Argentina, Javier Milei, saiu vitorioso das eleições locais na capital, Buenos Aires, derrotando o movimento conservador tradicional.
O LLA, liderado por Manuel Adorni, porta-voz da Presidência, obteve mais de 30% dos votos na eleição desse domingo (18), que renovou metade do Parlamento de Buenos Aires. Mais de 98% dos votos estão apurados.
O LLA está à frente da lista de Leandro Santoro, apoiada pela oposição peronista (centro-esquerda), que recebeu mais de 27%, e de Silvia Lospennato, candidata do partido Propuesta Republicana (Pro), do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), tradicionalmente dominante em Buenos Aires, mas que ficou abaixo de 16%.
“Tentaram de todas as formas possíveis derrotar-me, mas não conseguiram”, disse Lospennato. “Permaneceremos de pé”, acrescentou.
O resultado das eleições não altera o governo da capital de 3 milhões de habitantes, um reduto do Pro há 18 anos e cujo presidente continuará a ser Jorge Macri (primo do ex-presidente), eleito em 2023.
Ainda assim, envia um sinal de que a hegemonia da direita pode estar mudando de mãos, antes de novas eleições para o Parlamento nacional da Argentina, marcadas para outubro.
Na votação, Javier Milei tentará ganhar mais deputados, uma vez que o LLA tem menos de 10% dos parlamentares na câmara baixa do Parlamento e dos senadores na câmara alta.
As eleições para o parlamento municipal de Buenos Aires ganharam este ano uma dimensão nacional, com a crescente luta entre o Pro e a LLA, oficialmente aliados no panorama nacional, mas rivais no campo eleitoral.
Do Pro e da LLA, “quem ganhar [em Buenos Aires] ganhará em nível nacional”, previu o especialista Andrés Malamud à agência de notícias France-Presse.
“Vida longa à liberdade, caramba…!!!” disse Javier Milei na rede social X.
Acusado pelos seus opositores de “nacionalizar” a eleição, o presidente envolveu-se pessoalmente na campanha de Buenos Aires nos últimos 18 meses, em apoio de Manuel Adorni.
Nos últimos meses, Milei e Macri entraram numa rivalidade cada vez mais aberta, com trocas de insultos.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que foi candidata do Pro contra Javier Milei nas eleições presidenciais de 2023 e depois se juntou ao governo em nome da aliança, aderiu recentemente ao partido do presidente.
O resultado de domingo reforça a tentativa de Milei de retratar o LLA como a principal alternativa ao “kirchnerismo”, a facção populista que a ex-presidente Cristina Kirchner, que governou durante oito anos após suceder o marido em 2007, transformou na força dominante dentro do movimento peronista.