A frase simples de uma criança — “Vou estudar debaixo da árvore que plantei” — sintetizou o propósito de uma ação que busca transformar o Carnaval de Porto Velho em um evento ambientalmente responsável. A iniciativa é fruto da parceria entre a Ecoporé, instituição com 37 anos de atuação em Rondônia, e o Bloco Pirarucu do Madeira, que promoveram o plantio de cerca de 2 mil mudas no IFRO – Campus Calama.
O plantio integra uma campanha inédita que mira a neutralização do carbono emitido pelo bloco durante o Carnaval de 2025, à medida que as árvores cresçam e atinjam a maturidade. Além da compensação ambiental, a ação amplia a área verde urbana e fortalece a relação entre cultura popular e sustentabilidade.
A diretora executiva da Ecoporé, Sheila Noele, destacou que o impacto da mobilização vai além do aspecto ambiental. Segundo ela, o plantio contribui para a regulação do clima, captura de carbono, produção de água e embelezamento da paisagem, além de envolver a comunidade em uma experiência educativa e coletiva. Para Sheila, a ação fortalece o senso de pertencimento e responsabilidade ambiental.
Essa integração entre pessoas e natureza também foi ressaltada por Mayara Velasco, assessora de comunicação da instituição. Ela explicou que a Ecoporé nasceu com o propósito de unir pessoas em ações de preservação e que iniciativas como o plantio no IFRO reforçam a consciência ambiental desde a infância, conectando a sociedade ao futuro que deseja construir.

A atividade contou com a participação ativa de alunos da Escola Pé de Murici, que levaram o aprendizado da sala de aula para o campo. Para Juan Rodrigues, gerente de comunicação da Ecoporé, o impacto humano da ação é duradouro. Ele afirma que a experiência deixa uma marca profunda na memória das crianças e jovens, criando um aprendizado transformador sobre união e cuidado com o planeta.
Além dos estudantes do ensino fundamental, alunos do ensino médio do IFRO e foliões do Bloco Pirarucu do Madeira participaram voluntariamente da atividade. Muitos trocaram o descanso pelo trabalho coletivo, criando um vínculo simbólico com o solo e com o futuro da cidade ao plantar as mudas.
A escolha do local também foi estratégica. A área do IFRO Campus Calama abriga uma nascente com peixes e é rota de passagem de capivaras, o que exigiu atenção especial na seleção das espécies. O gerente de restauração da Ecoporé, Jose La Torre, explicou que as mudas foram produzidas no viveiro da instituição e incluem espécies adaptadas a áreas úmidas, como açaí, buriti e camu-camu, além de árvores de grande porte, como jatobá, jequitibá, cumaru e ipês, fundamentais para a formação florestal a longo prazo.
A parceria com o setor cultural reforça a urgência de uma festa que dialogue com a preservação ambiental. A vice-presidente do Bloco Pirarucu do Madeira, Luciana Oliveira, afirmou que a iniciativa inaugura uma nova forma de pensar o Carnaval, aliando alegria, consciência ambiental e fortalecimento do território.
O sentimento coletivo foi resumido por uma estudante da Escola Pé de Murici, que afirmou acreditar que, no futuro, poderá estudar à sombra de uma árvore que ela mesma plantou. A frase, carregada de simbolismo, encerra a ação com a certeza de que a restauração ambiental é um processo contínuo, construído com educação, participação social e esperança.











































