A contaminação por agrotóxicos no Brasil atinge principalmente populações já vulneráveis, levando em consideração fatores como gênero, raça e território, segundo a arquiteta e urbanista Susana Prizendt, integrante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida (CPCAPV) e do coletivo MUDA-SP.
Prizendt destacou que os mais expostos são descendentes de negros e indígenas que trabalham em grandes e pequenas fazendas, muitas vezes sem acesso a alimentos livres de agrotóxicos. “Se a fome tem gênero, tem raça e tem endereço, o veneno também”, afirmou.
O alerta foi feito durante homenagem ao cineasta Sílvio Tendler, após a exibição de seu documentário O Veneno Está na Mesa II, que mostra como conglomerados do setor alimentício concentram lucros enquanto trabalhadores rurais e populações próximas a plantações sofrem com o uso excessivo de agrotóxicos.
Prizendt também criticou a escassez de alimentos in natura ou agroecológicos, enfatizando que os ultraprocessados ocupam grande parte do consumo alimentar, muitos deles contendo resíduos de agrotóxicos. Estudos do Idec apontaram que 59,3% dos ultraprocessados analisados tinham resíduos de pelo menos um tipo de agrotóxico, incluindo produtos consumidos por crianças.
Pesquisas lideradas pela USP mostram que o consumo de ultraprocessados no Brasil mais que dobrou desde os anos 1980, chegando a 23% da dieta, reflexo de estratégias de marketing agressivas das grandes corporações, e não apenas escolhas individuais.
O documentário e os estudos ressaltam a urgência de políticas públicas e conscientização sobre a segurança alimentar, especialmente para os grupos mais vulneráveis.












































