Autor: Cícero Moura
Na quinta-feira da semana passada, eu me reuni com amigos para saborear um churrasco assistindo o Debate ao Governo promovido pela Rede Amazônica. Fui voto vencido ao dizer que Rocha havia se saído bem.
Meus amigos argumentaram que ele não apresentou nada de proposta relevante e deixou Marcos Rogério à vontade para navegar em uma área que domina bem, que é a comunicação. Nisso não há o que discutir. Rogério tem muito mais habilidade pra lidar com câmera.
POSTURA
Só que o problema, no meu entendimento, não estava na desenvoltura comunicativa e sim no comportamento pessoal. Rogério " foi pra cima" de Rocha no que ele tem de melhor e se deu mal.
POSTURA 2
Exceto raros casos isolados, Marcos Rocha nada de braçada no que diz respeito a tolerância, serenidade e cordialidade. Aliás, algo curioso para um defensor ferrenho do presidente Jair Bolsonaro.
DEFENSIVA
Rogério optou por usar de sofisma ao cobrar ações que não teriam sido feitas pelo seu adversário enquanto gestor. Em seu contraditório Rocha manteve a serenidade e elencou as adversidades que teriam impedido uma melhor gestão.
FIRMEZA
A contra ofensiva de Rocha em alguns momentos também acabou lhe sendo favorável, pois nitidamente Rogério demonstrou desconforto com algumas indagações. Explicar sobre a prisão de um assessor e o currículo de seu suplente que poderia virar Senador foram questões embaraçosas para Marcos Rogério.
APURAÇÃO
Ao começar a apuração, a diferença crescente em favor de Marcos Rocha na capital demonstrou o que já era esperado. Os votos de Porto velho não beneficiariam Rogério e sua esperança estava voltada ao interior.
ALERTA
A situação começou a ficar confortável para Marcos Rocha quando a apuração passou de 50% das urnas e ele se mantinha sempre à frente. A diferença oscilava entre 6 a 8%, com gordura que permitia a perda esperada em cidades pontuais.
SURPRESA
O problema é que essa perda não ocorreu. Redutos importantes para Marcos Rogério, onde se previa uma forte vantagem, apontavam uma disputa igualitária, coisa que até o militante mais apaixonado de Rocha não imaginava.
JI-PARANÁ
Na cidade de Marcos Rogério, por exemplo, com quase 70% das urnas apuradas, Marcos Rocha estava à frente do Senador.No final, Rogério acabou ganhando na cidade com uma diferença inferior a 1200 votos. Algo completamente inesperado.
CACOAL
Nesta outra cidade importante da região central do Estado onde se projetava uma boa votação para Marcos Rogério, ele acabou perdendo para Rocha por mais de 11 mil votos. O Senador também havia perdido no primeiro turno, mas existia a expectativa de virada.
VILHENA
No extremo Sul do estado, prevaleceu a força e o apoio do Senador eleito pelo PL, Jaime Bagattoli. Marcos Rogério teve 54% dos votos válidos contra 45% de Rocha.
A campanha de Marcos Rocha deixou clara a força de algumas lideranças. Alguns com planos para o futuro, outros nem tanto. Hildon chaves, por exemplo, sai desse pleito com forte potencial para disputar o Governo em 2026.
O ex-deputado federal e chefe da Casa Civil do Governo Cassol, Carlos Magno, que vestiu a camisa de Rocha no segundo turno, é outro político que merece todo respeito. Levou uma “rasteira” do Podemos que lhe impediu de disputar o cargo de deputado estadual.
DESTAQUE 3
Magno tinha excelentes chances , mas a legenda preferiu valorizar outros nomes que teriam se considerados prejudicados com ele no grupo . O curioso é que apenas o deputado Alan Queiroz do Podemos conseguiu se elegeu.
Falando em Vilhena e no partido Podemos, Delegado Flori Cordeiro foi eleito prefeito na eleição suplementar ocorrida na cidade junto ao pleito estadual e nacional. A vitória do candidato foi divulgada às 18h, com 82,69% das urnas apuradas.
FINAL
A apuração encerrou às 18h10. O Delegado Flori foi eleito com 63,14% dos votos (30.111), enquanto a adversária Rosani Donadon (PSD) ficou com 36,86%.
DOIS ANOS
Eleito, o delegado da Polícia Federal Flori Cordeiro deve seguir no cargo de prefeito até o fim do mandato presente, que encerra em 2024.
BIOGRAFIA
Flori Cordeiro tem 43 anos e é natural do estado de São Paulo. Ele atuou como advogado por sete anos e depois se tornou servidor público federal.
BIOGRAFIA 2
Flori é delegado da Polícia Federal há pelo menos 15 anos, em Rondônia. Ele já foi chefe da corporação em Porto Velho, Ji-Paraná (RO) e Vilhena (RO).
CORRUPÇÃO
Um dos marcos na carreira de Flori foi sua participação no desmanche de um esquema que desviou mais de R$ 5 milhões dos cofres públicos. O então prefeito de Vilhena chefiava a organização criminosa e foi preso durante operação da PF coordenada por Flori.
CORRUPÇÃO 2
Quatro anos depois, em 2020, outra operação comandada pelo delegado resultou na prisão de quatro prefeitos por suspeita de crimes contra a administração pública, em um esquema de propina. O candidato declarou um patrimônio de R$881.677,64 ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
SUPLEMENTAR
A cidade de Vilhena teve nova eleição municipal depois que o então prefeito, Eduardo Japonês, e a vice-prefeita, Patrícia Aparecida da Glória, tiveram os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral. Eles foram condenados por abuso de poder político e prática de condutas vedadas aos agentes públicos, em junho deste ano.