Apesar da queda no número de acidentes fatais, o impacto dos sinistros de trânsito na saúde pública brasileira continua a ser um desafio oneroso. Dados preliminares do Registro Nacional de Sinistros e Estatísticas de Trânsito (Renaest) indicam que, entre janeiro e maio de 2025, o Brasil registrou 453 mil acidentes, com 7,4 mil ocorrências fatais, o que representa uma queda de 3,67% em relação a 2024.
Contudo, além das mortes, milhares de vítimas enfrentam sequelas que demandam extensos e custosos processos de reabilitação, onerando o Sistema Único de Saúde (SUS).
O diretor Científico da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Flávio Adura, ressaltou o expressivo impacto dos acidentes. Ele informou que, em 2024, foram registradas 227.656 internações hospitalares no SUS devido a sinistros terrestres, o que significa que, a cada dois minutos, uma vítima de trânsito necessita de atendimento de emergência.
Ao longo dos últimos 10 anos, o SUS contabilizou 1,8 milhão de internações por sinistros de trânsito, com despesas hospitalares diretas que somam R$ 3,8 bilhões.
Perfil das Vítimas
Adura detalhou que o perfil das vítimas é concentrado em:
Jovens do sexo masculino: Principalmente motociclistas, concentrando mais de 60% dos atendimentos.
Pedestres: 16% dos casos.
Ciclistas e ocupantes de automóveis: 7% cada.
As lesões variam conforme a vítima. Enquanto lesões cervicais e múltiplos traumatismos são mais comuns em motoristas, pedestres e ciclistas predominantemente sofrem fraturas e lesões de coluna. Motociclistas, o grupo mais afetado, apresentam quadros recorrentes de politraumatismos.
A Importância da Reabilitação
Diante das sequelas, os tratamentos de reabilitação são vitais para reduzir as limitações e garantir a qualidade de vida das vítimas. Bruno Oliveira, coordenador geral de fisioterapia da faculdade Estácio no Rio de Janeiro, enfatizou o papel da fisioterapia.
“Muitas vezes, essas situações deixam sequelas importantes, desde limitações de movimento até, em casos mais graves, amputações. Com a atuação do fisioterapeuta, é possível acelerar a recuperação, favorecer a independência e apoiar o retorno às atividades diárias e profissionais”, complementou Oliveira.
A conscientização sobre os riscos de trânsito foi o foco da Semana Nacional de Conscientização do Trânsito, que terminou nesta quinta-feira (25) com o tema “Desacelere. Seu bem maior é a vida”.