A defesa da ré Marília de Alencar, delegada da Polícia Federal e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, solicitou nesta terça-feira, 9 de dezembro de 2025, a absolvição da acusação de envolvimento na trama golpista do governo de Jair Bolsonaro. O pedido foi apresentado pelo advogado Eugênio Aragão durante a sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, onde o Núcleo 2 do caso está sendo julgado.
Negação de Uso Político de Dados
A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Marília de Alencar foi responsável pelo levantamento de dados de business intelligence. A informação teria sido usada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para realizar blitze e dificultar a circulação de eleitores na Região Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022.
Eugênio Aragão negou veementemente essa acusação. Segundo o advogado, o levantamento de dados tinha como único objetivo verificar a atuação do crime organizado durante o pleito, e não impactar o resultado eleitoral.
Aragão também argumentou que não há provas de que a pesquisa produzida por Marília de Alencar tenha chegado às mãos de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF e também réu na ação.
“O plano de operação, segundo policiais ouvidos na instrução, era feito de forma descentralizada, pelas superintendências em cada estado, ou seja, eram elas que escolhiam os pontos onde fariam as barreiras,” afirmou Eugênio Aragão.
A defesa ainda garantiu que a ré não possuía ligação pessoal com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, já condenado no Núcleo 1 da trama golpista.
Os Réus do Núcleo 2
Marília de Alencar é uma dos seis réus do Núcleo 2 da trama golpista. Os acusados respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado.
Além de Marília de Alencar, o Núcleo 2 é composto por:
Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais de Bolsonaro;
Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro;
Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF;
Mário Fernandes, general da reserva do Exército;
Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça.
O julgamento no STF prossegue com a manifestação das defesas dos demais réus.












































