A Marcha Global dos Povos Indígenas, realizada nesta segunda-feira (17) em Belém, foi marcada por um forte apelo pelo fim da violência. Lideranças repetiram a frase “Parem de nos matar” em cartazes e discursos, cobrando solidariedade e justiça pelo assassinato de Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, de 36 anos.
O indígena Guarani Kaiowá foi atingido por um tiro na cabeça durante um ataque armado à retomada Pyelito Kue, no município de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, no domingo (16). Outras quatro pessoas, incluindo adolescentes e uma mulher, ficaram feridas por arma de fogo ou balas de borracha. A comunidade relatou que os agressores, descritos como pistoleiros, tentaram levar o corpo de Vicente, sendo impedidos pelos indígenas.
Exigência de justiça e punição
Vilma Vera Caletana Rios, do povo Avá Guarani, manifestou sua indignação e exigiu punição aos responsáveis pelo crime.
“Mais um indígena, mais uma liderança, mais um homem assassinado no seu território. Quando a gente fala de justiça climática, não podemos esquecer de fazer justiça pelas pessoas que já foram assassinadas nos seus territórios. Não podemos nos calar diante de uma violência tão grande”, disse Vilma.
Paulo Macuxi, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), endossou as críticas, condenando a falta de ação da justiça e a incompetência dos órgãos responsáveis. “Nossos parentes estão sendo assassinados e isso não vai ficar barato. Isso não pode ficar como se fosse algo comum. Alguém tem que ser responsabilizado, alguém tem que ser punido”, cobrou Macuxi.
Demarcação e proteção territorial
As lideranças também usaram o espaço na COP30 para reforçar que a luta climática está intrinsecamente ligada à demarcação e à proteção dos territórios.
Nadia Tupinambá, do território indígena de Olivença, na Bahia, exigiu respeito pelo “sangue derramado de todos os ancestrais”. Ela criticou a desconexão da conferência com a realidade da violência.
“Na COP30, eles estão falando de clima, mas não estão falando de demarcação do nosso território, onde nosso povo está perdendo vida, onde tem criança, mulher e indefeso sendo atacado. Mas nós não vamos desistir. Somos todos Guarani Kaiowá”, complementou Nadia.









































