O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da Venezuela e de Cuba em um evento em Brasília, criticando o aumento da pressão dos Estados Unidos (EUA) contra o governo de Nicolás Maduro e o embargo a Cuba. Sem citar diretamente o presidente Donald Trump, Lula defendeu a autodeterminação dos povos.
“O que defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino, e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba”, afirmou o presidente em evento do PCdoB. Ele também fez a ressalva de que o Brasil nunca será a Venezuela, e vice-versa, defendendo que cada país deve ser ele próprio.
Condenação à ação dos EUA e à CIA
A manifestação de Lula ocorreu um dia após Donald Trump confirmar a autorização para que a CIA conduza operações secretas na Venezuela com o objetivo de derrubar o governo de Nicolás Maduro. O presidente brasileiro já havia manifestado preocupação com a movimentação militar de Washington nas águas do Caribe, que é vista por especialistas como uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas (ONU).
Em relação a Cuba, Lula condenou a manutenção do país na lista de nações que patrocinam o terrorismo. “O que nós dizemos publicamente é que Cuba não é um país de exportação de terroristas. Cuba é um exemplo de povo e dignidade”, declarou.
Contexto da pressão contra Caracas e Havana
Venezuela: Desde agosto, os EUA têm enviado milhares de militares e navios de guerra para o Caribe, alegando combater o tráfico de drogas, apesar de o país não possuir cartel produtor de drogas. Especialistas apontam que o interesse norte-americano é geopolítico, dado que a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do planeta. O governo Maduro acusa os EUA de tentarem uma “mudança de regime”.
Cuba: Os EUA mantêm um embargo econômico e financeiro desde a década de 1960. O novo governo Trump reforçou as medidas, incluindo ameaças a nações que contratam serviços médicos da ilha, uma de suas poucas fontes de receita.
Analistas em política internacional veem a ação de Trump na Venezuela como um precedente perigoso, que pode abrir espaço para intervenções em outros países do continente que contrariem os interesses da Casa Branca.