Após grande repercussão em torno da fala do vereador e vice-presidente da Câmara de Vereadores de Cacoal Rondônia, Magnilson da Silva Mota, 34 anos, que destratou verbalmente atuação dos trabalhos religiosos da mãe de santo Yolanda de Cacoal, o parlamentar protocolou um pedido de desculpas. “No meu discurso, ocorrido no dia 29 de novembro de 2021 proferido em tribuna, utilizei termos inadequados para me referir algumas fraudes que estavam ocorrendo na cidade”, descreveu ele.
Na nota de algumas poucas linhas, o parlamentar diz que por ser “cristão” ele desconhecia os termos e expressões de outras religiões e por conta disso se manifestou de forma infeliz em seu discurso”, admite.
Mas a Federação dos Cultos Afro Religiosos, Umbanda e Ameríndios do Estado de Rondônia (Fecauber), rejeitou as desculpas do parlamentar. O representante da instituição, Marcelío Tenório, explicou por meio de um documento enviado ao presidente da Câmara de Vereadores, João Paulo Pischek e ao parlamentar, que, além de reprovar tal atitude de Magnilson da Silva Mota, a Federação vai entrar com uma ação em desfavor dos atos contra a mãe de santo Yolanda e a entidade religiosa.
“Não é possível achar que uma retratação seja ela em meios de comunicação ou no plenário da casa de leis municipais, possa reparar o que ocorreu”, reforça.
O documento também pontua que a atitude do vereador Magnilson da Silva Mota, de longe pode ser abreviada como uma “opinião ou algo dentro do “sentido” das suas prerrogativas parlamentares. “O que ocorreu foi um crime de intolerância religiosa e racismo religioso, ligado com ameaça de morte e incitação a vida, a violência contra todos que praticam a religião diferente do infrator”, rebate a carta.
Além de repudiar o pedido de desculpas, a representação da Fecauber promete levar o caso aos tribunais. “Esta entidade lutará pela representação do mesmo (vereador) na justiça para que a retratação se dê dentro dos preceitos jurídicos, como forma do mesmo entender que existe leis e vivemos em um Estado Democrático de Direitos, que devem valer para todos e determinar limites”, assinala.
Durante audiência realizada no dia 29 de novembro de 2021, na Câmara de Vereadores de Cacoal, Magnilson da Silva Mota usou de meios públicos para atacar a mãe de santo conhecida como Yolanda. “Tem uns camaradas a mando de uma “feiticeira”, de uma “endemoniada” que ficam mandando colocar propagandas de “feitiçaria” nos postes públicos da cidade “Cacoal”. Só no JK se tiver 50 postes ali, só um eu vi que não tinha a propaganda dessa “macumbeira”, “filha do capeta” querendo destruir as vidas”.
Em outro trecho do vídeo, o parlamentar continua, inclusive pontua os ataques com ameaças de morte. “Falo um negócio para você, “macumbeira”, se você for lá perto de casa e eu ver você, eu dou com “fogos de artifícios”, lá você vai sair toda “queimada”.
Magnilson completa a declaração com mais provocações. “Não tem autoridade sobre a cidade “um povo desses”, para ficar fazendo esses tipos de propagandas, para tentar destruir a vida do cidadão de bem”.
Na época, o Ministério Público Federal (MPF) orientou que a conduta de Magnilson da Silva Mota fosse investigada, inclusive deu prazo de 45 dias para a presidência da Câmara de Cacoal se retratasse publicamente. “Entre outras falas que este (vereador) profere com notória incitação ao ódio e violência, colocando a própria vida da vítima em risco, por meio de linchamento público, além de ameaça-la de lesão corporal grave [queimadura]”, descreveu ofício do MPF. O caso já foi encaminhado ao conhecimento do Ministério Púbico Estadual (MPE-RO). Na época, a reportagem do News Rondônia chegou a conversar com dona Yolanda, “que declarou ter se sentido bastante ofendida em seus mais de 40 anos de mesa, mas acreditava na atuação da justiça para que o caso não viesse cair no esquecimento”.