Uma megaoperação contra uma facção criminosa revelou que combustíveis estavam sendo adulterados com metanol, uma substância tóxica, corrosiva e altamente inflamável. Especialistas alertam que a substância, mesmo em baixas concentrações, pode causar sérios danos ao motor do carro. Em postos ligados ao esquema criminoso, o produto chegava a representar 90% da composição do combustível.
Segundo especialistas, o principal risco do metanol para veículos é a corrosão das peças do motor e do sistema de injeção. O técnico em mecânica Tenório Júnior explica que o metanol é corrosivo e pode estragar componentes como bicos injetores, flauta de combustível e bombas de alta e baixa pressão. O mecânico Bruno Bandeira complementa que, em alguns casos, o carro pode não suportar rodar nem com um único tanque cheio de combustível adulterado.
Como identificar combustível adulterado
Especialistas e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que existem sinais para identificar se o combustível está adulterado, como:
Luzes no painel: O combustível de baixa qualidade pode saturar os sensores do carro, acendendo luzes de alerta no painel.
Perda de potência: O motor fica com o pedal do acelerador “borrachudo”, exigindo mais força para atingir a mesma velocidade.
Consumo elevado: O consumo médio do carro pode cair em até 30%.
Dificuldade de partida: O motor pode ter dificuldade para ligar, especialmente pela manhã, devido à formação de uma “goma” causada pelo metanol.
Ruído no motor: Um ruído semelhante ao de uma corrente de bicicleta pode ser ouvido, principalmente em subidas ou arrancadas.
Odores estranhos: Um cheiro de solvente ou querosene pode ser percebido saindo do escapamento.
A ANP orienta os motoristas a pedirem o teste de proveta nos postos. A gasolina, ao ser misturada com água e sal, deve ter uma separação de líquidos em um nível específico, que indica a porcentagem de álcool na composição. O metanol, no entanto, é mais difícil de ser detectado por este método.
A agência reguladora permite apenas um limite máximo de 0,5% de metanol na composição da gasolina e do etanol, pois a substância, além de ser um risco para veículos, oferece perigos para a saúde humana.