Seis advogados foram presos nesta terça-feira, 22 de julho de 2025, na Operação Entre Lobos. A ação foi deflagrada em conjunto pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de cinco estados. Foram cumpridos 13 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão.
Ao todo, 17 pessoas são investigadas por integrar uma organização criminosa. Elas são suspeitas de lesar mais de mil idosos em dezenas de milhões de reais, segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A investigação que resultou na Entre Lobos partiu do MPSC.
Detalhes da operação
Os mandados foram cumpridos em 13 municípios de Alagoas, da Bahia, do Ceará, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A Justiça determinou o bloqueio de até R$ 32 milhões em contas bancárias e a apreensão de 25 veículos.
Um levantamento inicial identificou 215 vítimas do esquema criminoso. Elas perderam ao menos R$ 5 milhões. No entanto, há indícios de que mais de mil pessoas possam ter sido lesadas e que o dano supere os R$ 30 milhões, mostram as investigações do MPSC. A idade média das vítimas é de 69 anos.
Além de integrar organização criminosa interestadual, os investigados respondem pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e patrocínio infiel. Este último ocorre quando o advogado trai a confiança do cliente, agindo para prejudicar em vez de proteger os interesses de quem o contratou.
O esquema era liderado por cinco advogados, todos presos preventivamente. Dois deles foram presos em Fortaleza, outros dois em Salvador, e mais um em Chapecó, Santa Catarina. Um dos advogados presos foi apontado pelos investigadores do Gaeco de Santa Catarina como mentor do esquema, sendo responsável pelos aspectos operacionais e a atuação digital da quadrilha.
As diligências que tiveram advogados e escritórios de advocacia como alvo foram acompanhadas por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Isso está conforme a prerrogativa da profissão.
Como funcionava o golpe
Os membros da quadrilha abordavam os idosos em casa, na rua ou pela internet. Usavam para isso o Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP), uma instituição de fachada. O objetivo era direcionar as vítimas para o esquema.
Sem discernimento claro do que estavam fazendo, as vítimas eram levadas a assinar contratos de cessão de crédito judicial. Os valores eram muito abaixo daqueles a receber em ações judiciais para a revisão de contratos bancários.
As cessões eram assinadas em nome de duas empresas de fachada. São elas a Ativa Precatórios, com sede em Pinhalzinho, Santa Catarina, e a BrasilMais Precatórios, em Fortaleza. Outros meios predatórios de captação de clientes foram identificados em estados como Alagoas e Rio Grande do Sul.
Os investigadores apreenderam planilhas de controle financeiro. Elas detalhavam a divisão de lucros, comissões pagas, investimentos e despesas da organização criminosa. Do que os advogados ganhavam na Justiça em nome das vítimas, menos de 10% era efetivamente repassado aos clientes, mostram esses documentos.
Em um dos casos, destacado pelo MPSC, uma vítima ganhou na Justiça o direito a receber R$ 146.327,17. Mas teve repassado apenas R$ 2,5 mil por meio da cessão fraudulenta de créditos. Em Fortaleza, dos R$ 5.106.773,12 liberados pela Justiça, as vítimas receberam somente R$ 503.750.
Como denunciar
O Ministério Público de Santa Catarina faz uma busca ativa por mais vítimas do esquema criminoso. Quem suspeitar ter sido lesado pela quadrilha deve contatar a Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo, em Santa Catarina. Pode-se enviar uma mensagem via WhatsApp para o número (49) 99200-7462.
Outra opção é entrar em contato com a ouvidoria do MPSC pelo e-mail [email protected]. Por telefone, os números são (48) 3229-9306 ou 127, das 9h30 às 19h.