Autor: Emerson Barbosa
Os ataques e assassinatos que vem ocorrendo desde a semana passada no estado do Acre, após a divulgação de uma mensagem atribuída a facção criminosa Comando Vermelho (CV), filial Acre, tem provocado um mal-estar na cúpula do governo.
O problema é que enquanto os organismos criminosos atuam desenfreadamente na capital Rio Branco e nos municípios, causando pânico entre a população, inclusive com o assassinato de pessoas apontadas pela própria polícia como sem envolvimento com faccionados, o Estado estaria sendo acusado de agir de forma morosa na reposta a criminalidade.
Na terça-feira (29), um recado também atribuído a sigla criminosa e com erros ortográficos, os quais a reportagem decidiu pela correção, pedia a população para que não saísse de casa à noite. “A população geral rio-branquense a partir de hoje, pedimos a todos os moradores dos bairros Baixada da Sobral, Cidade do Povo, Calafate, Floresta e transacreana, que não fiquem a noite na rua e nem em frente das suas casas. É pelo bem de vocês. Obedece quem quer. O aviso está dado pessoal. A guerra entre as facções voltou”, diz a mensagem.
O comunicado assinado pelo Comando Vermelho continua, dessa vez pontuando o toque de recolher para às 20h. Bastou isso para que o pânico espalhasse pela capital acreana. Ainda na terça, as ruas de Rio Branco ficaram esvaziadas. A Universidade Federal do Acre (Ufac) suspendeu as aulas como forma proteger os estudantes da violência e dos possíveis ataques.
Na quarta-feira (30), o secretário de Estado da Segurança Pública, Paulo Cezar Santos tratou de tranquilizar a população. Ele desmentiu que o Acre estivesse sobre o controle das facções criminosas, além de classificar de “fake News” os avisos atribuídos as organizações. “Algumas notícias que estão sendo veiculadas não retratam efetivamente a realidade. Nós, não temos tiroteios na cidade de Rio Branco, o que ocorreu foi disparo de arma de fogo em um único bairro. Não há toque de recolher em qualquer bairro ou localidade do estado e nem tão pouco invasões as instituições públicas”, salientou.
Durante uma entrevista a jornalistas onde se reunia com representantes do Ministério Público Estadual, forças federais e segurança pública, o titular da pasta deixou escapar que em meio aos confrontos pessoas que não tem ligação com as organizações criminosas estão sendo mortas, ou seja, ele assume que a sociedade corre risco.
“Algumas das vítimas que nós percebemos não são integrantes das organizações criminosas. Essas pessoas estão sendo punidas duas vezes, com a perca da própria vida e a família que “fica taxada como tendo um de seus integrantes ceifados como membro de organização criminosa”, lista. A declaração foi entendida com sendo uma justificar de que existe um problema e que precisa ser resolvido.
O Ministério Público e a Polícia Civil estariam investigando atuação dos criminosos. “As forças estão na rua cumprindo o seu papel. Além das operações ostensivas que combatem a criminalidade, apreensão de armas, a Polícia Civil e o MP/AC estão deflagrando uma serie de investigação que resultarão na prisão de infratores”, aposta.
Em meio a negativa do secretário de Segurança Pública acreano de que o estado transita na mais completa paz, três assassinatos foram contabilizados das 18 h da noite às 21 horas de ontem. Um deles no município de Senador Guiomard, o outro na Vila Acre segundo Distrito de Rio Branco e Brasiléia, fronteira com a Bolívia. Rio Branco também houve registro tiroteio em diversos bairros.