Em ano pré-eleitoral, o Natal no Brasil deixa de ser uma celebração cristã e vira um grande especial de fim de ano da Polícia Federal, do Judiciário e das redes sociais. É um verdadeiro Auto de Natal, mas sem reis magos, só com investigados, denunciados e muita narrativa.
À direita, o clima é de Noel hospitalar. Jair Bolsonaro passou o período natalino preso, ou melhor, custodiado, em uma cama de hospital, cenário perfeito para fotos calculadas, olhar sofrido e a velha tentativa de transformar consequência jurídica em martírio político. O presépio bolsonarista ganhou um novo personagem: o Messias entubado, perseguido, segundo seus fiéis, por tudo e todos, menos pelos próprios atos.
Enquanto isso, deputados do PL seguem sendo visitados por operações policiais, mandados, buscas e apreensões. É quase um amigo oculto reverso: ninguém sabe quem será o próximo sorteado pela Justiça, mas todo mundo desconfia que o presente não será um panetone.
Já à esquerda, o Natal também não foi exatamente de paz na Terra. Lula tenta manter o gorro vermelho firme na cabeça enquanto surgem rumores, investigações e burburinhos envolvendo desvios no INSS e familiares no radar. Nada comprovado? Talvez. Politicamente explorável? Com certeza. Em Brasília, basta um sino tocar diferente que vira manchete, meme e discurso inflamado.
O curioso é que, enquanto um lado acusa o outro de corrupção, ambos se comportam como se fossem vítimas de uma grande conspiração natalina. A direita jura que é perseguida pelo sistema. A esquerda garante que tudo não passa de intriga eleitoral. E o eleitor? Esse fica assistindo à ceia virar CPI.
No fundo, o Natal político brasileiro é igual para todos:
Muito discurso moral;
Pouca autocrítica;
E uma disputa feroz para ver quem segura o microfone antes da Polícia Federal chegar.
A diferença é só o figurino. Uns usam terno verde e amarelo, outros preferem vermelho institucional. Mas o espírito natalino… esse passou longe do Congresso.
Porque, convenhamos, se o Menino Jesus voltasse hoje, corria o risco de ser convocado para depor, ou virar cabo eleitoral.
Pensamento do dia
No Natal da política brasileira, todo mundo quer posar de anjo… mas o currículo insiste em dizer que o presépio está cheio de lobos.











































