A atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, ZCAS, sobre Rondônia deve resultar em aumento significativo das chuvas nos próximos dias. O sistema meteorológico, responsável por formar um extenso corredor de umidade que parte da Amazônia e avança em direção ao Sudeste do Brasil, encontra-se em processo de organização e tende a se intensificar ao longo do chamado verão amazônico.
Rondônia ocupa uma posição estratégica nesse fenômeno. O estado funciona como um verdadeiro ponto de inflexão dos ventos na América do Sul, recebendo diretamente a umidade dos chamados rios voadores, correntes aéreas carregadas de vapor d’água que se formam sobre a floresta amazônica. Essa umidade é então canalizada pela ZCAS rumo ao Centro-Oeste, Sudeste e parte do Sul do país.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, Inmet, estados como Rondônia, Acre, Amazonas, Mato Grosso, Tocantins e áreas do Sudeste devem registrar volumes de chuva entre 200 mm e 300 mm durante o período de atuação mais intensa do sistema. A previsão indica um cenário de chuvas frequentes, persistentes e em alguns momentos de forte intensidade.
Meteorologistas descrevem esse processo como “verdadeiros rios desaguando sobre as nossas cabeças”. Entre os dias 3 e 13 de dezembro, a probabilidade de chuvas volumosas é considerada extremamente alta. Este padrão marca a transição para o período mais chuvoso do ano na região Norte, quando as precipitações passam a ocorrer praticamente todos os dias, muitas vezes acompanhadas por tempestades.
Um estudo divulgado pela MetSul Meteorologia, agência reconhecida por suas análises climáticas, reforça o alerta. A previsão aponta para acumulados generalizados acima de 100 mm, com áreas isoladas ultrapassando 200 mm. Em pontos específicos ao longo do trajeto do canal de umidade amazônico, os volumes podem alcançar até 300 mm em poucos dias.
Esse cenário aumenta o risco de alagamentos, enxurradas, transbordamento de rios, queda de árvores e transtornos urbanos, especialmente em cidades com histórico de pontos críticos de drenagem. Em áreas rurais, também há preocupação com o excesso de umidade no solo, que pode prejudicar estradas vicinais e a logística de escoamento da produção.
As autoridades meteorológicas orientam a população a acompanhar os boletins atualizados, evitar áreas de risco durante tempestades e redobrar a atenção em períodos de chuva intensa, principalmente à noite ou na madrugada, quando os volumes tendem a ser mais elevados.
Afinal, o que é a Zona de Convergência do Atlântico Sul, ZCAS
A Zona de Convergência do Atlântico Sul é um dos principais sistemas responsáveis pelas chuvas no Centro-Oeste, Sudeste e parte do Norte do Brasil. Ela se forma a partir do encontro de ventos úmidos da Amazônia com frentes frias que avançam do Sul do país. Esse encontro cria uma faixa contínua de nuvens carregadas que se estende do sul da Amazônia até o Oceano Atlântico.
Quando a ZCAS se estabelece, as chuvas deixam de ser isoladas e passam a ocorrer de forma persistente e abrangente, por vários dias consecutivos. Esse padrão é típico do verão brasileiro e tem papel fundamental no abastecimento de reservatórios, rios e no ciclo hidrológico nacional, embora também esteja associado a eventos extremos quando há excesso de precipitação.
Quem quiser entender melhor o funcionamento desse fenômeno pode conferir este conteúdo explicativo em vídeo:










































