Pessoas pretas ou pardas que trabalham como diretores e gerentes recebem, em média, 34% menos do que trabalhadores brancos nos mesmos cargos. A constatação faz parte do levantamento Síntese de Indicadores Sociais, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, dia 3 de dezembro de 2025.
Os dados são referentes a 2024 e consideram trabalhadores com 14 anos ou mais de idade.
Enquanto diretores e gerentes brancos ganham R$ 9.831 mensais, os negros têm rendimento médio de R$ 6.446, uma diferença de R$ 3.385. Em 2012, no início da série histórica do IBGE, a diferença era de 39%.
Desvantagem em todos os grupos
O estudo, que utiliza o termo negro (pretos e pardos, conforme o Estatuto da Igualdade Racial), mostra que em todos os dez grandes grupos ocupacionais pesquisados, os brancos ganham mais.
Na média dos dez grupos, a pessoa branca recebe R$ 4.119 contra R$ 2.484 da preta ou parda, o que representa 65,9% a mais.
O grupo de diretores e gerentes é o que apresenta a maior disparidade salarial e o maior rendimento mensal médio (R$ 8.721). A segunda maior diferença está entre os profissionais das ciências e intelectuais:
| Grupo Ocupacional | Diferença de Rendimento (Branco – Negro) |
| Diretores e gerentes | R$ 3.385 |
| Profissionais das ciências e intelectuais | R$ 2.220 |
| Trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e da pesca | R$ 1.627 |
| Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares (menor diferença) | R$ 934 |
| Ocupações elementares (menor rendimento médio: R$ 1.454) | R$ 262 |
Desigualdade na ocupação e escolaridade
A desigualdade racial é visível também na distribuição de cargos. Apenas 8,6% das pessoas pretas ou pardas são ocupadas como diretores e gerentes. Já entre os brancos, o percentual é de 17,7%.
Na outra ponta, o grupo de ocupações elementares, que tem o menor rendimento, é formado por 20,3% de trabalhadores negros, contra 10,9% de brancos.
Mesmo com diploma de ensino superior, os negros não eliminam a disparidade salarial. A hora trabalhada do branco com faculdade (R$ 43,20) vale 44,6% a mais que a hora do preto ou pardo com o mesmo grau de ensino (R$ 29,90). Esta é a maior diferença entre todos os segmentos de escolaridade.
O pesquisador João Hallak Neto aponta que, além da escolaridade, fatores como a área de atuação e a progressão de carreira explicam a disparidade.
Informalidade
Os trabalhadores pretos ou pardos enfrentam maior informalidade. A taxa de informalidade no país é de 40,6%. Para os negros, ela é de 45,6%, enquanto para os brancos, é de 34%.












































