Movimentos sociais, organizações de saúde e entidades de direitos humanos aproveitaram o Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, lembrado na quarta-feira, 3 de dezembro de 2025, para criticar o modelo de produção agrícola brasileiro. O foco da crítica é o uso intensivo de produtos químicos que sustenta grande parte do agronegócio nacional. A reportagem é de Rafael Cardoso, da Agência Brasil, no Rio de Janeiro.
Dados recentes indicam um aumento nas contaminações. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou 276 casos em 2024, representando o maior número da década e um salto de 762% em relação ao ano anterior. Entre 2013 e 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) notificou mais de 124 mil intoxicações.
Jakeline Pivato, integrante da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, afirmou que o problema está ligado ao avanço do agronegócio. Ela citou o modelo como principal fator de contaminações ambientais, não apenas por commodities, mas também por desmatamento.
Impactos e ações contra o uso de venenos
Pivato complementa que a responsabilidade do setor está clara para a sociedade, citando o aumento de câncer, a mortalidade de abelhas e a contaminação de ecossistemas. O agrotóxico, segundo a ativista, é a principal contradição do agronegócio. O Dia Mundial de Luta é lembrado em 3 de dezembro em referência à tragédia de Bhopal, na Índia, em 1984.
A Campanha Permanente, que reúne movimentos como a Via Campesina e entidades da agroecologia, intensificou a articulação jurídica neste ano. O objetivo é buscar indenizações para as famílias afetadas, construir projetos de lei mais restritivos e proteger as comunidades e lutadores de direitos humanos.
Regulamentação e exposição de trabalhadores
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) publicou nota destacando os obstáculos para frear o uso de venenos no Brasil. A entidade citou a flexibilização de normas e a pressão política como fatores que levam ao aumento no registro de novas substâncias e à manutenção de isenções fiscais para o setor.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) também se manifestou, ressaltando que o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Muitos desses produtos são proibidos em outros países devido aos riscos de câncer e danos hormonais. Trabalhadores do campo estão entre os mais expostos, e estudos apontam que a deriva pode levar o veneno a até 32 km de distância do alvo. O MPT lembrou que a legislação exige distância mínima de 500 metros de áreas habitadas para a pulverização aérea.










































