Uma pesquisa do Instituto Data Favela, divulgada nesta segunda-feira (17), indicou que a maioria das pessoas envolvidas com o tráfico de drogas gostaria de abandonar a atividade. Entre quase 4 mil entrevistados, 58% responderam que deixariam o crime voluntariamente se pudessem garantir a estabilidade pessoal e o sustento econômico.
Em contraste, 31% dos entrevistados afirmaram que não deixariam o crime, mesmo que tivessem uma oportunidade de saída.
O estudo, intitulado “Raio-X da Vida Real”, foi realizado em favelas de 23 estados entre 15 de agosto e 20 de setembro de 2025.
Economia e Sustento
A remuneração é o principal motivo apontado para a permanência na atividade criminosa.
Renda: A renda média mensal declarada é de R$ 3.536,00.
Salário Mínimo: 63% dos entrevistados recebem até dois salários-mínimos mensais (R$ 3.040).
Falta de Dinheiro: 18% declararam que não sobra dinheiro ao final do mês.
Para o diretor técnico do Instituto Data Favela, Geraldo Tadeu Monteiro, a maior parte dos envolvidos está nas faixas mais baixas de renda. Ele alerta que o custo-benefício de entrar no crime é “muito pequeno”, pois as pessoas “acabam recebendo pouco, entrando em uma vida de muito risco e dificuldades”.
A falta de uma situação econômica favorável também é o motivo declarado para a entrada no crime. Como alternativa à atividade ilícita, 22% apontam o desejo de abrir o próprio negócio, e 20% gostariam de ter um trabalho com carteira assinada.
Para complementar a renda, 36% dos entrevistados disseram que possuem alguma outra atividade laboral remunerada, sendo 42% realizando “bicos” e 24% trabalhando em empreendimentos próprios, como barraquinhas de alimentação ou oficinas.
Variações regionais e perfil dos entrevistados
Embora a maioria nacional queira sair do crime, a pesquisa mostrou variações significativas em alguns estados:
Estado % que Sairiam % que Não Sairiam
Distrito Federal 7% 77%
Minas Gerais 40% 57%
Ceará 41% 44%
O levantamento, que incluiu 3.954 entrevistas válidas, revelou o seguinte perfil dos entrevistados:
Gênero: 79% homens, 21% mulheres.
Cor/Raça: 74% negros.
Idade: 50% são jovens entre 13 e 26 anos.
Educação: 42% não completaram o ensino fundamental.
Origem: 80% nasceram e cresceram na mesma favela.
A família é uma referência central: 43% dos entrevistados apontam a mãe como a figura mais importante. Além disso, 84% afirmam que não permitiriam que um filho entrasse para o tráfico de drogas.











































