As mudanças climáticas representam um risco global iminente para a infraestrutura de saúde, conforme aponta o relatório “Saúde e Mudanças Climáticas: Implementando o Plano de Ação em Saúde de Belém”. Lançado nesta sexta-feira (14), na COP30, em Belém, o documento revela que mais de 540 mil pessoas morrem anualmente em razão do calor extremo. Alarmantemente, um em cada 12 hospitais no mundo corre o risco de ter suas atividades paralisadas por causas relacionadas ao clima.
O relatório, divulgado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), sucede o Plano de Ação em Saúde de Belém, o primeiro plano internacional de adaptação climática focado exclusivamente na saúde, que já conta com a adesão de mais de 80 países.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou o impacto direto nos sistemas de saúde. Ele citou crises como a que ocorreu em Rio Bonito do Iguaçu (PR), onde desastres climáticos destruíram unidades de saúde e paralisaram o atendimento médico.
Vulnerabilidade e Desafios Globais
O documento ressalta que, atualmente, entre 3,3 bilhões e 3,6 bilhões de pessoas vivem em áreas classificadas como altamente vulneráveis. Os hospitais, por sua vez, enfrentam um risco de danos 41% maior devido a eventos climáticos extremos em comparação com 1990.
O relatório projeta que, sem uma rápida descarbonização global, o número de unidades de saúde ameaçadas pode dobrar até meados do século. Curiosamente, o próprio setor da saúde é responsável por cerca de 5% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Outro ponto levantado é a baixa destinação de recursos. Apenas entre 6% e 7% dos US$ 22 bilhões investidos globalmente no enfrentamento das mudanças climáticas são destinados à adaptação dos sistemas de saúde. Padilha defendeu o aumento do financiamento internacional para que os países possam reconstruir unidades de saúde em um padrão resistente a crises climáticas, como enchentes e tornados.
Recomendações para Governos
O relatório conclama os governos a agir em larga escala, destacando a existência de intervenções eficazes e de baixo custo.
O documento propõe que os países:
Integrem objetivos de saúde às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
Utilizem as economias geradas pela descarbonização para financiar a adaptação em saúde e capacitar profissionais.
Invistam em infraestrutura resiliente, priorizando unidades de saúde e serviços essenciais.
Empoderem comunidades e o conhecimento local para formular respostas que reflitam as realidades vivenciadas.









































