Cerca de 900 pessoas de 50 países estão reunidas na 4ª Conferência Internacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas. O evento, que tem núcleo presencial em Genebra, na Suíça, começou na última terça-feira (11 de novembro) e se encerra hoje (13). É promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em parceria com sociedades nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
A delegação brasileira conta com mais de 50 pessoas, participando remotamente da sede do CICV em São Paulo. Estão presentes representantes de associações de familiares de desaparecidos de nove estados, compartilhando experiências e construindo agendas conjuntas.
No Brasil, os grupos reúnem-se anualmente para aprimorar mecanismos de busca e construir redes de apoio. Segundo Fernanda Baldo, Oficial de Proteção do CICV, o objetivo é responder a necessidades físicas, de saúde, jurídicas, de memória e acesso a direitos dos familiares de desaparecidos.
Brasil compartilha experiência de articulação
A conferência serve para que grupos locais, que já se articulam, conheçam outras realidades para aprimorar o trabalho. “Um dos pontos que o Brasil está trazendo é essa experiência, de ter um movimento nacional de familiares de pessoas desaparecidas”, explicou Fernanda Baldo.
Este Movimento Nacional, lançado oficialmente em agosto de 2025, reúne várias instituições que antes atuavam de forma dispersa. Participam da rede associações como Mães da Sé, Mães em Luta e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.
Hânya Pereira Rego, que é parente de desaparecido e representante do Movimento, destacou o amadurecimento dos grupos. Ela relata que o discurso atual é “muito mais voltado para objetivos estratégicos de interlocução, com demandas claras”, diferente de encontros anteriores.
Demanda por integração de dados
O Brasil enfrenta o desafio de integrar lutas que vêm de dois contextos: familiares de desaparecidos durante o regime militar e familiares de desaparecidos em outras situações de violência.
Entre as demandas atuais das associações no país está a construção de um Banco Nacional de Amostras Genéticas. Também pleiteiam a consolidação do Cadastro Nacional de Desaparecidos, que ainda enfrenta desafios para integrar os bancos de dados dos estados brasileiros.
O representante colombiano José Benjamim Gamboa Lizarazo, coordenador da Asfaddes, relatou a experiência de seu país. Ele destacou que a militância dos familiares de desaparecidos foi essencial para que a busca fosse incluída nos processos de paz da Colômbia.









































