A Universidade de Harvard, localizada nos Estados Unidos, anunciou a concessão da Medalha W.E.B. Du Bois de 2025 à ativista brasileira Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro. A cerimônia de entrega da honraria está marcada para esta terça-feira, 4 de novembro de 2025.
Marielle Franco será a primeira personalidade pública do Brasil a receber a distinção, que é considerada a mais alta concedida pela instituição no campo dos Estudos Africanos e Afro-Americanos. Ela será apenas a segunda latino-americana condecorada, sucedendo a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, premiada em 2024.
A medalha homenageia trajetórias que contribuíram para fortalecer o legado intelectual e cultural das populações africanas e afrodescendentes ao redor do mundo. Entre os outros premiados de 2025 estão nomes notáveis como Spike Lee e Brittney Griner.
O legado de Marielle e a distinção
Nascida e criada no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Marielle Franco dedicou sua vida à defesa dos direitos humanos, sendo uma voz proeminente na luta contra a violência de Estado. Ela atuava pelas agendas das mulheres negras, das populações LGBTQIA+ e das periferias. Em 2016, foi eleita vereadora, presidindo a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania.
O Instituto de Pesquisas Afrolatino-Americanas de Harvard (ALARI) reconhece na homenagem a intersecção entre a militância, a ciência e a produção intelectual no campo afro-diaspórico. O diretor fundador do ALARI, Alejandro de la Fuente, afirmou que o assassinato de Marielle não pôde calar sua causa. “Marielle Franco é vida. E a vida não se mata”, complementou o diretor.
O nome da honraria é uma referência ao sociólogo e ativista W.E.B. Du Bois, considerado o líder negro mais importante dos protestos pelos direitos civis nos Estados Unidos na primeira metade do Século 20.
Condenações e inquérito dos mandantes
Em outubro de 2024, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados pelo assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes. Lessa, que efetuou os disparos, recebeu pena de 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão. Élcio, que dirigia o carro, foi condenado a 59 anos, 8 meses e 10 dias. Ambos foram responsabilizados por duplo homicídio triplamente qualificado.
As investigações apontam que os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão encomendaram o crime, e que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, planejou a ação e atrapalhou o andamento inicial do inquérito. Os três respondem a uma ação penal que tramita no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. O processo permanece em fase de instrução.








































