Um alerta visual foi instalado dias antes da Operação Convenção em uma das regiões mais tensas da capital fluminense. O telhado da ONG Nóiz, na área conhecida como Karatê-Rocinha 2, na Cidade de Deus, exibe uma faixa chamando a atenção das autoridades.
A faixa, colocada no último dia 24 de Outubro, diz: “Calma! Aqui tem sonhos, crianças e famílias”. A ação busca preservar a vida dos moradores durante incursões policiais que utilizam helicópteros.
O risco das operações aéreas na comunidade
A casa que sedia a ONG Nóiz desde 2018 já foi atingida por disparos vindos de helicópteros há cerca de quatro anos, resultando na destruição de uma caixa d’água.
André Melo, presidente da ONG Nóiz, conversou com a Agência Brasil nesta sexta-feira, 31 de Outubro. Ele justificou a instalação da faixa pela necessidade de chamar a atenção das autoridades. “A gente precisava chamar a atenção de alguma maneira para dizer que, embora saibamos que a comunidade toda tem famílias, crianças, aqui, em especial, a gente passa o dia inteiro em atividade”, explicou Melo.
A preocupação principal do empreendedor social era que as equipes da ONG e as cerca de 120 pessoas assistidas diariamente não corressem risco de morte no local, que já foi objeto de incursões policiais sérias.
Atividades e demandas da ONG Nóiz
A ONG Nóiz atende 250 crianças cadastradas e funciona de segunda a sábado. As atividades incluem dança, balé, teatro, jiu jitsu, reforço escolar, apoio à alfabetização (“Soletrar”) e uma lan house social. Aos sábados, ocorrem o “Sábado do Acolhimento” e o pré-vestibular social.
Além disso, a organização oferece biblioteca, apoio psicológico e terapeuta ocupacional para oito crianças autistas da Cidade de Deus.
André Melo acredita que tudo que for possível para chamar a atenção e diminuir a sensação de insegurança é válido, sugerindo que o Estado deveria mapear e replicar projetos sociais que dão certo. Ele lamentou que o Estado não crie referências ou tenha um olhar de transformação para as crianças e jovens das comunidades.
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