A Operação Contenção, deflagrada nesta terça-feira (28) pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, resultou em mais de 120 mortes. Organizações não governamentais (ONGs) e grupos de direitos humanos criticaram o método e os resultados da ação, que classificam como um “desastre planejado”.
Para Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz, a operação repete uma lógica antiga. O modelo se baseia em ações violentas que geram caos e vitimam moradores, mas não atinge o coração do crime organizado.
Críticas ao planejamento e à ADPF 635
A pesquisadora afirmou que a ação descumpriu a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635. Esta é um conjunto de medidas do Supremo Tribunal Federal (STF) para o planejamento de políticas de segurança no estado.
Carolina Ricardo criticou falhas no planejamento, como o uso de policiais inexperientes e a violência vista nos corpos das vítimas. Ela entende que a Operação Contenção obedece a um cálculo político, sendo um “modo de fazer política” usado pelo governador Cláudio Castro, que reverte em capital político.
Luís Flávio Sapori, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), afirma que o modelo de atuação da polícia no Rio é de “guerra particular” com o objetivo de exterminar o inimigo. Ele fez uma relação entre a alta letalidade da polícia fluminense e a corrupção na corporação.
Denúncias de massacre e indícios de execução
Glaucia Marinho, diretora-executiva da ONG Justiça Global, esteve nos complexos e classificou a ação como um massacre. Ela relatou denúncias de violações de direitos humanos e situações de barbárie.
Segundo Marinho, moradores foram obrigados a recolher cerca de 70 corpos. Ela afirmou que a falta de perícia no local e a condição de alguns mortos, encontrados com braços e pernas amarrados, sugerem indícios de execução.
A OAB do Rio de Janeiro e a Comissão de Segurança Pública da OAB de São Paulo repudiaram as ações e pediram investigação rigorosa. César Muñoz, diretor da Human Rights Watch (HRW) no Brasil, também pediu a atuação direta do Ministério Público Estadual na apuração.
 
         
         
         
        







































