A abertura da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), realizada em Brasília nesta segunda-feira (29) de setembro de 2025, reuniu cerca de 4 mil mulheres para debater o lema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva homenageou as presentes e declarou que “o futuro da humanidade é feminino”.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, enfatizou a importância da representação feminina e do voto. Ela lembrou que em 2026 haverá eleições e defendeu que os eleitores escolham “mulheres e homens que tenham compromisso com a vida de todas as mulheres desse país”.
Voz e Luta dos Grupos Vulneráveis
A 5ª CNPM abriu espaço para a fala de representantes de diversos grupos da sociedade civil, que cobraram a efetivação dos Direitos das Mulheres e o fim da sub-representação nos espaços de poder.
Mulheres Negras e Interseccionalidade
Clátia Vieira, coordenadora executiva do Fórum Nacional de Mulheres, anunciou a construção da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, marcada para 25 de novembro. Ela questionou a falta de políticas públicas efetivas para mulheres negras, que são a maioria da população brasileira, e cobrou “práticas antirracistas urgentes”.
Iyá Sandrali Bueno, do Conselho Nacional de Direitos da Mulher (CNDM), reforçou que a interseccionalidade é o princípio civilizatório do movimento feminista negro. Ela destacou que não há democracia possível sem a centralidade das mulheres negras, que sofrem opressões combinadas por raça, etnia e gênero.
Campo, Indígenas e Trans
A representante da Marcha das Margaridas, Melissa Vieira, celebrou o retorno da conferência após quase dez anos. Ela enalteceu o papel das mulheres do campo, das águas e das florestas em alimentar o Brasil.
Josy Kaigang, liderança da Marcha das Mulheres Indígenas, defendeu que os povos originários sejam ouvidos na construção de políticas públicas. Ela mencionou a luta por demarcação de terras indígenas e quilombolas e por soberania nacional.
A travesti Bruna Benevides cobrou medidas para a visibilidade de pessoas trans e a ocupação de 50% de mulheres nos parlamentos. Ela defendeu cotas trans em concursos e universidades e o direito ao aborto livre e seguro, citando a luta por justiça econômica, reprodutiva, racial e climática.
Por fim, Janaína Farias, representante da Articulação Brasileira de Lésbicas (ABL), descreveu a falta de políticas públicas específicas para a saúde de mulheres lésbicas e bissexuais. Ela cobrou ações que incentivem o acesso a médicos e o cuidado em saúde para esse público.