A deputada federal Carla Zambelli e seus aliados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara tentaram desqualificar o hacker Walter Delgatti Netto durante a audiência que analisa a cassação da parlamentar, em 10 de setembro de 2025, em Brasília. A ação busca atrasar o processo de perda de mandato, já que Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por ter sido a mandante da invasão.
O hacker, que invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e incluiu um falso pedido de prisão contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, sustentou sua versão dos fatos. Ele afirmou que Zambelli, hoje foragida da Justiça brasileira na Itália, o contratou em troca de uma promessa de emprego para invadir o sistema da Justiça.
O debate entre Zambelli e Delgatti
Durante a sessão da CCJ, que contou com a participação de Carla Zambelli por videoconferência, a deputada questionou a credibilidade do hacker. Ela alegou que ele teria mentido sobre encontros com o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e sobre o tempo que passou em sua casa.
Delgatti, no entanto, rebateu as acusações, lembrando que tanto ele quanto o ex-ministro são réus em processos judiciais. Ele explicou que as contradições apontadas pela defesa de Zambelli sobre as datas dos acontecimentos se devem ao tempo de sua prisão, que causa confusão em sua memória. Ele garantiu que a versão dos fatos não mudou.
Alegações de perseguição e manobras
Segundo parlamentares que defendem a cassação imediata, como a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), as oitivas na CCJ são uma manobra para atrasar o processo. Melchionna classificou a ação como um “abuso de prerrogativa” da deputada, que já foi condenada por orquestrar a invasão para deslegitimar as urnas e o Judiciário.
Em contrapartida, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, defendeu Zambelli, alegando que ela é alvo de perseguição política. Ele sustentou que a deputada, que representa um milhão de eleitores, não deveria ser cassada por uma pessoa desqualificada como Walter Delgatti Netto.
O hacker, por sua vez, foi questionado sobre a falta de “provas materiais” do pedido de Zambelli. Ele explicou que apagava as mensagens para evitar problemas com a Justiça, mas afirmou que a Polícia Federal (PF) teria encontrado as provas no celular da deputada.