O ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi declarou em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que o governo já monitorava possíveis irregularidades em aposentadorias desde 2023, mas que não tinha a dimensão das fraudes. Lupi, que foi ministro entre 2023 e 2025, afirmou que a real magnitude dos crimes só foi descoberta com a investigação da Polícia Federal.
Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só soube das irregularidades no dia em que a Operação Sem Desconto foi iniciada. Lupi admitiu que uma instrução normativa do INSS em 2024, que visava estabelecer critérios para os descontos, não teve o resultado esperado. “Falhamos em ter uma ação mais enérgica do INSS para coibir”, reconheceu.
Investigações e acusações
O ex-ministro defendeu a revisão dos descontos de créditos consignados, questionando por que não acabar também com eles, já que os descontos associativos foram suspensos. Lupi, que pediu demissão em maio deste ano, ressaltou que não foi denunciado ou citado nas investigações.
O escândalo de descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS veio à tona com a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Estima-se que as entidades investigadas tenham descontado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Mais de 4 milhões de beneficiários reportaram não ter autorizado esses débitos.