A Associação dos Pecuaristas de Rondônia (APRON) manifestou preocupação com o Projeto de Lei 2.627/2025, em tramitação no Congresso Nacional, que prevê a restrição progressiva até o banimento da exportação de gado vivo.
Segundo a entidade, a medida ameaça a competitividade da pecuária rondoniense, amplia o poder dos frigoríficos e retira a autonomia de negociação dos produtores.
Riscos para o setor
O presidente da APRON, Adélio Barofaldi, destacou que a proposta pode gerar prejuízos bilionários.
“A exportação de gado vivo é uma alternativa estratégica que equilibra o mercado e dá autonomia ao produtor. Se essa opção for retirada, o pecuarista de Rondônia ficará à mercê da concentração de mercado, recebendo menos pela arroba e sem poder de negociação”, afirmou.
Dados da APRON mostram que a diferença de preço da arroba entre Rondônia, Mato Grosso e São Paulo já representa perdas superiores a R$ 3 bilhões ao ano. Sem a alternativa do “boi vivo”, o desconto pago ao produtor rondoniense tende a aumentar.
Debate sobre bem-estar animal
O projeto é justificado sob o argumento de bem-estar animal, mas Barofaldi argumenta que as regras já são rígidas.
“O transporte de animais vivos já é fiscalizado pelo MAPA, com normas de alimentação, descanso e acompanhamento veterinário. Os próprios importadores não têm interesse em receber animais em más condições. O que precisamos é aperfeiçoar a fiscalização, não proibir uma alternativa legítima de mercado”, reforçou.
Posição nacional contra o PL
A APRON integra a União Nacional da Pecuária (UNAPEC), que reúne entidades de vários estados. A organização publicou nota oficial criticando o PL 2.627/25.
“A exportação de gado em pé não é um problema para o Brasil. Pelo contrário: é uma oportunidade de ampliar mercados, fortalecer o produtor e dar competitividade à pecuária. O que está em jogo é o direito do pecuarista de escolher a quem vender sua mercadoria”, diz o documento.
Rondônia no centro do debate
Com rebanho superior a 18 milhões de cabeças, Rondônia é um dos estados que mais sentiriam os efeitos da medida. Para Barofaldi, o Congresso precisa ouvir o setor antes de avançar com a proposta.
“Não podemos aceitar que uma pauta ideológica enfraqueça a pecuária de Rondônia. Estamos unidos para defender o produtor e buscar alternativas que valorizem nossa produção, respeitando o bem-estar animal sem sacrificar a competitividade”, concluiu.
Sobre a APRON
A Associação dos Pecuaristas de Rondônia atua na defesa dos interesses da pecuária do estado, com comissões voltadas para regularização fundiária e ambiental, segurança rural, rastreabilidade bovina, crédito rural, leite e valorização da arroba. A entidade é integrada à UNAPEC, além de manter atuação junto à FAPERON, CNA e Assembleia Legislativa de Rondônia.