A Human Rights Watch (HRW), uma das principais ONGs de direitos humanos do mundo, acusou o governo dos Estados Unidos de manipulação política e mentiras em seu relatório anual. O documento, divulgado nesta terça-feira (12), aborda a situação dos direitos humanos em diversos países, incluindo o Brasil. A ONG alega que o governo de Donald Trump ignorou violações em países considerados aliados e manipulou dados para apontar uma piora do cenário em nações com governos atacados pela Casa Branca.
Sarah Yager, diretora da HRW em Washington, afirmou que o novo relatório é “um exercício de encobrimento e enganação”. A organização considera que o governo Trump minou a credibilidade do informe anual ao excluir violações de direitos de relatórios anteriores, como os ligados a mulheres, pessoas LGBTQIA+ e pessoas com deficiências.
Casos do Brasil e África do Sul
No Brasil, a Human Rights Watch denunciou que o relatório acusa uma suposta “violação à liberdade de expressão” por parte do STF. O documento critica a investigação contra grupos que atacam o sistema eleitoral e pregam golpe de Estado. Analistas, como Pedro Kelson, da Washington Brazil Office (WBO), alertam que essa narrativa busca “desmoralizar as investigações” com informações superficiais. A HRW também cita a África do Sul como outro país que teve a situação de direitos humanos apontada como piorada no relatório, em meio à falsa acusação de “genocídio branco” feita por Trump.
A omissão em países aliados
A HRW destaca que o relatório dos EUA omitiu violações graves em nações aliadas. No caso de Israel, o documento não menciona o deslocamento forçado de palestinos em Gaza nem a privação deliberada de água e eletricidade a quase 2 milhões de habitantes. Sobre El Salvador, o informe oficial alega que “não houve relatos confiáveis de violações significativas dos direitos humanos”, apesar de denúncias de prisões arbitrárias e julgamentos em massa.
A organização também cita a Hungria, onde o relatório do Departamento de Estado teria ignorado esforços do governo para minar a democracia e restrições à sociedade civil e à mídia. Segundo a HRW, o relatório é desonesto em relação a abusos em alguns países terceiros com os quais os EUA mantêm alianças e acordos.