A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançou o relatório “Microplásticos: um problema complexo e urgente”. O documento analisa os efeitos do descarte incorreto de plástico e propõe estratégias de combate ao microplástico, fragmentos minúsculos que contaminam rios e oceanos e afetam a saúde humana e os ecossistemas.
A pesquisa revela que o Brasil contribui anualmente com até 190 mil toneladas de lixo para o ambiente marinho. Globalmente, menos de 10% das 400 milhões de toneladas de plástico produzidas por ano são recicladas. O problema é complexo, pois 80% do plástico que chega ao mar vem de atividades em terra, como turismo, indústria e má gestão de resíduos.
Ações propostas para enfrentar a poluição
A presidente da ABC, Helena Nader, defende que o problema exige uma ação coordenada entre governo, setor produtivo, cientistas e sociedade. O relatório propõe um conjunto de ações em seis frentes para reduzir o impacto da poluição plástica.
Governança: Revisar o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar e implementar o Tratado sobre a Poluição Ambiental por Plásticos.
Ciência e inovação: Aumentar o investimento em reciclagem e na substituição de polímeros sintéticos por biodegradáveis.
Fomento e financiamento: Criar mecanismos de avaliação de riscos à saúde e usar nanotecnologia para reaproveitamento de materiais.
Capacitação: Qualificar catadores e capacitar professores para a educação ambiental.
Circularidade: Criar mudanças na legislação para descarte e recolhimento separados de plásticos.
Educação ambiental: Criar uma política governamental e campanhas para educar a sociedade, incluindo empresários e trabalhadores.
O vice-presidente da ABC, Adalberto Luis Val, reforça a necessidade de não tratar mais o plástico como descartável e de assumir a responsabilidade por todo o ciclo do material.