O ex-presidente Jair Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar na noite desta segunda-feira (4) após descumprir determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que o proibia de utilizar redes sociais. A medida foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes e aprovada pela Primeira Turma do tribunal.
A decisão foi motivada por uma publicação em que Bolsonaro realizou uma chamada de vídeo com o filho, senador Flávio Bolsonaro, durante uma manifestação no último domingo (3) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
A análise dos especialistas
Para Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP e da ESPM, a postura do ex-presidente não é acidental.
“Bolsonaro tem adotado uma estratégia de confrontar a Justiça. Ele se coloca em situações de descumprimento para, em seguida, alegar que não entendeu a decisão, criando tumulto e explorando isso politicamente”, avaliou.
Mafei entende que as ações de Bolsonaro têm como objetivo escalar o conflito com o STF.
“É um ato deliberado de desafio, sobretudo após episódios em que ele fez questão de exibir a tornozeleira eletrônica e se deixar filmar, sabendo que isso circula rapidamente nas redes sociais, exatamente o que a decisão judicial buscava impedir”, disse.
Ainda segundo o professor, essa postura também serve a uma estratégia maior:
“Bolsonaro e seus aliados apostam que tensionar a relação com o STF fortalece sua base política e pode gerar pressão externa contra ministros da Corte”, completou.
O papel da base bolsonarista
A jornalista Andreia Sadi concorda com essa avaliação e reforça que nada é feito sem cálculo político:
“O ex-presidente não age por impulso. Ele usa o embate com Alexandre de Moraes para ampliar o conflito e tentar desgastar o Supremo como instituição”, analisou.
Segundo ela, a movimentação de Bolsonaro tem como finalidade manter a sua base mobilizada enquanto aguarda o julgamento da trama golpista, previsto para setembro.
“Ele quer se apresentar como vítima de perseguição para reforçar o discurso de censura e perseguição política, mas isso é apenas parte de sua estratégia. O que realmente importa para ele são os processos que ainda estão por vir”, destacou Sadi.
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