A Organização de Sociedade Civil Ecoporé, com sede em Rondônia, foi anunciada como vencedora do RestorLife Awards 2025, prêmio internacional que reconhece iniciativas de impacto em restauração ecológica promovido pela Restor e a Iniciativa Global de Terras do G20. A cerimônia que apresentou os vencedores do prêmio e durante o evento, Sheila Noele, diretora técnica da organização, foi a representante da equipe.
Veja como foi a cerimônia
A Ecoporé tem 37 anos, atua na Amazônia brasileira e já restaurou mais de 2.500 hectares de áreas degradadas, promovendo soluções baseadas na natureza em parceria com comunidades locais, especialmente agricultores familiares, povos indígenas e quilombolas.
A coordenadora da organização, Sheila Noele, avalia que a conquista representa um marco para instituições amazônicas com atuação territorial de base. “Esse prêmio tem dois significados muito importantes para nós: o reconhecimento do nosso trabalho e o acesso a um recurso que vai nos permitir estruturar a organização com mais autonomia”, afirma. “É gostoso saber que todo esse esforço, de mais de 30 anos, foi reconhecido. Isso nos dá fôlego para seguir com os pés no chão e a cabeça nos sonhos.”
Modelo de atuação e expansão
A metodologia da Ecoporé inclui diagnóstico socioambiental, produção de mudas, compra de sementes nativas, distribuição de materiais para isolamento das áreas e acompanhamento técnico contínuo.
“Não é uma visita pontual. É uma construção de relação. Os extensionistas estão no campo, orientando desde a escolha das espécies até a manutenção da cerca e o manejo da vegetação”.
Hoje, a organização atua em mais de dez municípios e mantém parcerias com instituições como o Ministério Público, Fetagro, Emater e Universidade Federal de Rondônia (UNIR), dentre outras. “A gente entende que sozinho não dá. O passivo ambiental é grande e precisamos de braços, pernas e companhias nessa caminhada.”
Desafios e visão de futuro
Apesar dos avanços, Sheila destaca que os esforços de restauração ainda são desproporcionais frente ao ritmo do desmatamento. “Derrubar 50 hectares de floresta pode levar um dia. Restaurar essa mesma área exige anos de trabalho e muito investimento. Às vezes, a sensação é de enxugar gelo. Mas não desistimos.”
Ela também reforça a importância de alinhar políticas ambientais e de desenvolvimento econômico. “Não somos contra a produção. Pelo contrário: queremos que os agricultores e indígenas tenham renda. Só que isso precisa caminhar junto com a conservação. Ter água, floresta e biodiversidade sustenta a área produtiva.”
Para os próximos anos, a Ecoporé planeja ampliar sua atuação em bioeconomia, com valorização de sementes, artesanato, produtos agroextrativistas e cadeias produtivas sustentáveis. “A gente fala muito que floresta em pé dá dinheiro. Mas esse dinheiro precisa chegar de verdade na ponta. É isso que queremos construir: um modelo sólido, com impacto real e sem perder nossa essência.”
Sobre o Restor
Criando um mundo onde cada ação impacta positivamente a natureza. O Restor é uma plataforma geoespacial de dados abertos que oferece aos gestores da natureza acesso às últimas novidades da ciência ecológica para contar histórias de impacto. Com mais de 200.000 áreas, o Restor é a maior rede de esforços de restauração e conservação liderados pela comunidade em todo o mundo. Por meio do Restor, governos, empresas, financiadores de impacto e instituições financeiras podem se conectar e contribuir para o uso regenerativo da terra da qual todos dependemos.
Sobre a Iniciativa Global de Terras do G20
A ambição da Iniciativa Global do G20 para Reduzir a Degradação da Terra e Melhorar a Conservação de Habitats Terrestres (Iniciativa Global de Terras do G20) é ampliar a restauração de terras em todos os ecossistemas terrestres para alcançar uma redução de 50% nas terras degradadas até 2040. A iniciativa, lançada em 2020, sob a presidência saudita do G20, é sediada pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, com sede em Bonn, Alemanha.