O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reuniu-se nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, com o secretário de Estado dos Estados Unidos (EUA), Marco Rubio, em Washington. O encontro, confirmado pelo Palácio Itamaraty, ocorreu no mesmo dia em que o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva impondo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, embora com uma lista de quase 700 exceções.
Em pronunciamento na Embaixada do Brasil em Washington após a reunião, o chanceler brasileiro classificou como “inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do poder judiciário do Brasil, inclusive a condução do processo judicial no qual é réu o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Resposta Brasileira e Continuidade do Diálogo
Mauro Vieira destacou a independência do Judiciário brasileiro e a busca por soluções diplomáticas para a crise.
Vieira afirmou que o Poder Judiciário é independente no Brasil, assim como nos EUA, e não se curvará a pressões externas. “O governo brasileiro se reserva o direito de responder às medidas adotadas pelos EUA. Ao final do encontro, concordamos sobre a necessidade de manter diálogo para solucionar os problemas bilaterais”, relatou o ministro. Ele informou que retornaria ao Brasil para relatar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o teor das conversas e, a partir daí, definir as respostas do Brasil diante da tarifa imposta por Donald Trump. As taxas entram em vigor em sete dias, a partir de 6 de agosto, com mercadorias em trânsito para os EUA ficando isentas da taxação.
Sanções a Alexandre de Moraes e Reunião de Emergência no Brasil
As medidas americanas incluem sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes e levaram à convocação de uma reunião de emergência no Palácio do Planalto.
Mais cedo, o governo dos EUA já havia anunciado sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, por meio da chamada Lei Magnitsky. Este mecanismo da legislação estadunidense pune unilateralmente supostos violadores de direitos humanos no exterior, bloqueando bens e empresas dos alvos da sanção nos EUA. No fim da tarde, o presidente Lula convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, em Brasília, para avaliar o cenário e a repercussão das medidas americanas. Participaram do encontro o vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem liderado as negociações, e ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia Geral da União). Até o momento, apenas a Advocacia Geral da União (AGU) havia se manifestado, criticando as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.