O general do Exército Mário Fernandes, um dos réus no processo da trama golpista, afirmou nesta quinta-feira (24 de julho de 2025) que suas visitas ao acampamento montado em frente ao quartel do Exército em Brasília, após as eleições presidenciais de 2022, foram feitas na condição de “cidadão”. O militar, que está preso desde novembro do ano passado, foi interrogado por videoconferência pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Defesa do general e o acampamento em Brasília
Mário Fernandes é réu no núcleo 2 da ação penal da trama golpista. A Procuradoria-Geral da República (PGR) o acusa de planejar ações para tentar manter Jair Bolsonaro ilegitimamente no poder em 2022. Fernandes é apontado como um elo entre os apoiadores que estavam acampados e o então governo.
Durante a audiência, o general confirmou que esteve algumas vezes no QG do Exército. Ele foi ouvido por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. “As vezes que eu fui no QG, fui como cidadão, vendo que era importante para o brasileiro apresentar suas demandas sociais e políticas”, afirmou. Fernandes também defendeu os manifestantes, dizendo que parte deles não era golpista. “Chamar as pessoas que tiveram no 8 de janeiro como golpistas, eu posso até aceitar. Todos eles? Ali foram só alguns. Os que estavam na frente dos quartéis do Exército, eles entraram lá por vários motivos, até mesmo pelo festejo de reunirem patriotas, pessoas vestidas de verde e amarelo para conversarem sobre questões do país”, explicou.
O arquivo “Punhal Verde e Amarelo”
No governo Bolsonaro, o general Mário Fernandes ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República. As investigações indicam que ele foi responsável pela criação de um arquivo de Word intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, que conteria um planejamento “voltado ao sequestro ou homicídio” do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Em seu depoimento, o general alegou que o arquivo era pessoal, mas confirmou que mandou imprimi-lo em uma impressora do Palácio do Planalto. Contudo, Fernandes afirmou que o documento era destinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Augusto Heleno, que também é réu. Ele negou que o arquivo seria apresentado em uma reunião com Bolsonaro.
“A determinação foi minha ao meu chefe de gabinete, o Reginaldo Vieira de Abreu, que emitisse seis cópias. Essas seis cópias foram emitidas. O objetivo delas era apresentar ao GSI, que, doutrinariamente, era responsável pela montagem do gabinete de crise”, disse o general. “Não quer dizer a crise que a PGR pensa que é. Poderia ser qualquer outra crise. Era um assessoramento em apoio, no caso, ao general Heleno, que é um grande amigo, um grande mentor. Não tinha nada a ver com apresentação ao Bolsonaro”, completou.
Próximos passos da ação penal
O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é que o julgamento do núcleo 2, que decidirá pela condenação ou absolvição dos acusados, ocorra no segundo semestre deste ano. A denúncia da PGR sobre a trama golpista foi dividida em quatro núcleos. O núcleo 1, composto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, foi interrogado no mês passado. Es