O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou nesta terça-feira, 15 de julho de 2025, uma nota oficial em que o governo brasileiro “deplora e rechaça” as recentes manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada dos EUA em Brasília. O comunicado considera as declarações, feitas em redes sociais, como uma nova intromissão “indevida e inaceitável” em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro.
O ministério, sob a liderança do chanceler Mauro Vieira, enfatizou que “tais manifestações não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países”.
Questões Comerciais e Soberania
Sobre as relações comerciais, a nota brasileira destacou que o Brasil tem negociado com as autoridades norte-americanas desde março questões relativas a tarifas, de interesse mútuo. O governo brasileiro reiterou sua disposição em dar continuidade a esse diálogo, visando benefícios para as economias, setores produtivos e populações de ambos os países.
O Itamaraty também afirmou veementemente que “a equivocada politização do assunto não é de responsabilidade do Brasil, país democrático cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação.”
Declarações dos EUA e Contexto Político
As manifestações dos EUA que geraram o repúdio brasileiro ocorreram na segunda-feira, 14 de julho. O Departamento de Estado dos EUA publicou um texto na rede social X, afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes estariam realizando ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o texto americano, esses ataques seriam “uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil”.
A nota brasileira ocorre em um contexto em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao STF a condenação de Jair Bolsonaro e de outros sete réus do núcleo 1 da suposta “trama golpista”. Essa manifestação da PGR foi enviada na segunda-feira ao ministro Alexandre de Moraes e faz parte das alegações finais, a última fase antes do julgamento dos acusados, que está previsto para setembro deste ano.