Os países do Brics lançaram oficialmente nesta segunda-feira, 7 de julho de 2025, no Rio de Janeiro, a Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs). O objetivo é intensificar a cooperação, mobilizar recursos e acelerar os esforços coletivos para combater essas doenças. As DSDs têm sua incidência agravada pela pobreza, desigualdade social e barreiras no acesso à saúde, sendo mais prevalentes no Sul Global e frequentemente recebem menos investimentos em pesquisa.
A iniciativa pretende unir os países para eliminar enfermidades que, por não afetarem diretamente as nações mais ricas, muitas vezes não recebem a devida atenção e recursos para pesquisa. Entre as doenças que deverão entrar no escopo da ação estão tuberculose, hanseníase, malária e dengue, reconhecidas como DSDs pelos membros do Brics e parceiros.
Expansão da Parceria e Abordagens Inovadoras
Atualmente, 14 países fazem parte da Parceria: os 11 membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia), além de Malásia, Bolívia e Cuba, que são países parceiros do fórum.
Os membros se comprometeram a promover pesquisa e desenvolvimento de abordagens inovadoras em saúde. Isso inclui novas vacinas, métodos de prevenção, detecção precoce, diagnóstico e tratamento. A Parceria também busca ampliar os investimentos internacionais e fortalecer a diplomacia para colocar a eliminação das DSDs no centro da agenda global de saúde, priorizando a questão em fóruns multilaterais e regionais.
Discutida em reuniões que antecederam a Cúpula de Líderes do grupo, a iniciativa foi incluída na Declaração do Rio de Janeiro, documento final da 17ª Reunião de Cúpula do Brics, divulgada neste domingo, 6 de julho. O tema foi uma das oito prioridades da presidência brasileira do Brics na área da saúde, inspirada no Programa Brasil Saudável. Este programa visa enfrentar problemas sociais e ambientais que afetam a saúde de pessoas em maior vulnerabilidade.
Nesta segunda-feira, o Brics divulgou um documento detalhando a nova parceria, que prevê o uso de tecnologias inovadoras, como a inteligência artificial, no combate às doenças. O texto destaca o fortalecimento do manejo de casos, a expansão do acesso a áreas remotas, a melhoria de saneamento e habitação, o combate à desnutrição e à pobreza, e o aproveitamento de tecnologias como inteligência artificial, diagnóstico de doenças, terapêuticas, desenvolvimento de medicamentos e vacinas, e plataformas digitais interoperáveis.
Cinco Objetivos Principais da Parceria
A Parceria para a Eliminação de DSDs terá cinco objetivos principais, alinhados com as atividades de organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS):
Reforçar sistemas de saúde resilientes: Garantir acesso equitativo a vacinas, prevenção, diagnóstico e tratamento, com foco em populações vulneráveis e avanço na Cobertura Universal de Saúde.
Fortalecer ações intersetoriais: Adotar uma abordagem integrada para enfrentar os determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde.
Expandir a colaboração em pesquisa e desenvolvimento: Promover o compartilhamento de conhecimentos e tecnologias entre os membros para impulsionar soluções inovadoras adaptadas às realidades locais.
Superar barreiras financeiras: Mobilizar recursos nacionais e internacionais, com engajamento de bancos de desenvolvimento, instituições financeiras, doadores e setor privado para financiamento sustentável.
Alinhar posições em fóruns internacionais: Facilitar a integração em estruturas de cooperação global, assegurando alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Para o financiamento, os países contarão com recursos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco do Brics, além do Banco Mundial e outros Bancos Multilaterais de Desenvolvimento. Doadores e o apoio do setor privado, por meio de iniciativas público-privadas, também serão buscados. Os primeiros passos para a parceria incluem seminários técnicos, capacitação, reuniões da rede de pesquisa e engajamento com instituições financeiras.