A convite do Comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, General de Brigada Diógenes de Souza Gomes, o News Rondônia participou do Estágio de Adaptação à Selva (EASL), voltado para a imprensa, universidades e instituições de segurança pública. A experiência intensa ocorreu entre os dias 12 e 13, dentro do projeto “Conheça o Seu Exército”, que visa aproximar a sociedade da rotina militar na Amazônia.
Recebidos pelo Capitão José Sérgio, comandante da 17ª Companhia de Infantaria de Selva, fomos apresentados às atividades que compuseram o estágio: montagem de rede no alojamato, construção de abrigos, obtenção de água e fogo, alimentação de origem vegetal e animal, além de orientações sobre ofidismo. A proposta, segundo o capitão, é mostrar que o Exército está mais acessível e disposto a compartilhar conhecimento com a sociedade civil.
Montando a casa no coração da floresta
No alojamato, os participantes aprenderam a montar a tradicional rede de selva. O Capitão Rafael Pinheiro explicou que o equipamento, composto por mosquiteiro e telheiro, permite que o militar pernoite com proteção em qualquer ponto da floresta. Basta encontrar duas árvores.
Na sequência, a construção de abrigos revelou a importância de conhecer os materiais disponíveis na natureza, como cipós, enviras e palhas, e usá-los para montar estruturas eficientes. O momento mais empolgante foi a prática da “peconha”, técnica de escalada em árvores. O cabo Serafim demonstrou com agilidade e desafiou os estagiários: apenas dois universitários conseguiram escalar com sucesso.
Sobrevivência começa com fogo e água
As técnicas para obtenção de água e fogo a partir de recursos naturais exigiram foco e paciência dos participantes. Após as instruções, todos puderam testar os conhecimentos na prática, acendendo fogo sob orientação dos militares.
Do mato ao prato: nutrição de sobrevivência
Na fase de alimentação vegetal, o 2º Sargento Douglas Silva apresentou frutas, raízes e até larvas como alternativas viáveis para nutrir o corpo em situação de sobrevivência. O gongo, larva de besouro com sabor de coco, foi provado e aprovado por todos.
A sopa da selva, preparada com ingredientes vegetais e naturais, reuniu nutrientes essenciais e foi muito aguardada pelos estagiários, simbolizando um dos momentos mais marcantes do aprendizado.
Já na etapa de alimentos de origem animal, o 3º Sargento Leonardo Vargas explicou os processos de captura, abate e preparo. Técnicas como sapecagem e fervura foram ensinadas com ênfase nos cuidados sanitários e de segurança. O “sopão de caça”, preparado com carne e caldo rico em nutrientes, é considerado uma das melhores estratégias para prolongar a resistência em caso de sobrevivência prolongada.
O que fazer com animais peçonhentos
A última etapa foi dedicada ao ofidismo, ministrada pelo biólogo e professor Flávio Terassini. Casos de acidentes com cobras, aranhas e escorpiões foram abordados com orientações práticas: não matar os animais, fotografar se possível, e buscar atendimento imediato em hospitais com soro antiofídico, como o Cemetron, em Porto Velho.
Encerramento na mata e reconhecimento
Após pernoitar no alojamato, os estagiários foram acordados às 5h30 para encerrar a vivência. Às 8h, uma solenidade de entrega de certificados reuniu os 3 membros da imprensa, 27 universitários e 16 profissionais da segurança pública. Esta última equipe participou de um estágio mais longo, iniciado no dia 9. O estagiário de número 17 foi homenageado como destaque da turma.
Entre os universitários, a avaliação foi amplamente positiva. Muitos saíram com a certeza de querer seguir carreira militar.
Fabiano Coutinho, representando o Jornal Eletrônico News Rondônia, conclui: “Foi mais que um estágio, foi uma lição de vida. Conhecimento, resiliência e respeito à natureza foram aprendizados que levaremos para sempre. Se surgir uma nova oportunidade, voltaremos com orgulho. Fizemos ontem. Faremos sempre! SELVA!”