A 17ª Brigada de Infantaria de Selva, conhecida como “Brigada Príncipe da Beira”, sediou na manhã dessa terça-feira, 15, uma reunião de grande importância para o fortalecimento das relações entre o Exército Brasileiro e os povos indígenas que habitam a vasta região amazônica sob sua responsabilidade — que compreende os estados de Rondônia, Acre e o sul do Amazonas.

O encontro, que reuniu lideranças indígenas, autoridades militares e representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), foi marcado por diálogos abertos, troca de experiências e a construção de parcerias estratégicas. Mais do que uma formalidade institucional, a reunião se mostrou um espaço de escuta, respeito e construção conjunta.
O General de Brigada Diógenes, comandante da 17ª Bda Inf Sl, fez questão de destacar a importância do evento:
“A Amazônia nos desafia todos os dias. Aqui, não há como trabalhar sozinho. Nosso papel é proteger, mas também é ouvir, entender e estar presente. Os povos indígenas são parte fundamental dessa região, e o diálogo com eles é essencial para o sucesso de qualquer missão.”
Durante a programação, comandantes de Organizações Militares subordinadas à Brigada, oficiais especialistas e representantes indígenas compartilharam experiências sobre temas que envolvem diretamente a convivência entre militares e comunidades originárias. Entre os destaques, estiveram as discussões sobre o Serviço Militar voluntário indígena — que já integra diversos contingentes de fronteira —, a convivência nos Pelotões Especiais de Fronteira sob o lema “Vida, Combate e Trabalho”, e a atuação do Comando Militar da Amazônia na proteção das Terras Indígenas e no combate a crimes ambientais.

Orlando Peres Mateus Hunikui é uma figura proeminente na representação das comunidades indígenas do Brasil, especificamente do município de Santa Rosa do Purus. Ele desempenha um papel crucial na defesa dos direitos e na promoção das oportunidades para os povos indígenas, especialmente no que diz respeito à integração e participação no Exército Brasileiro. Ele defende mais vagas e mais espaço para os indígenas — não apenas do povo Hunikui, mas de todas as etnias — em áreas que vão além da segurança, promovendo representatividade em múltiplos níveis.
Orlando representa 53 comunidades do povo Hunikui, também conhecido como Kaxinawá. Sua atuação é essencial para dar voz às necessidades e aspirações dessas comunidades, especialmente em fóruns e seminários como o realizado em Porto Velho, que ampliam o espaço de escuta e decisão para lideranças indígenas.
A reunião recebeu a presença de Edvandro Jabuti Soares, coordenador da FUNAI de Guajará-Mirim, liderança do povo Jabuti. Com formação em engenharia agronômica e vasta experiência na articulação de políticas públicas, Edvandro compartilhou os desafios enfrentados pelas seis terras indígenas sob sua responsabilidade e ressaltou a importância das parcerias com o Exército, especialmente em ações de fiscalização e apoio humanitário:
“Somos povos de diálogo, mas também de luta. Essa aproximação com o Exército precisa continuar com respeito mútuo, para que juntos possamos enfrentar as adversidades e garantir os direitos de nossas comunidades.”
Também participou do encontro Gasodá Suruí, Superintendente Estadual dos Povos Indígenas de Rondônia. Líder respeitado por sua atuação firme e diplomática, Gasodá pontuou a importância da colaboração entre instituições públicas e as comunidades indígenas, especialmente diante dos impactos das mudanças climáticas e da pressão territorial:
“A sobrevivência dos nossos povos depende do respeito à cultura e da proteção às nossas terras. Estamos aqui para reafirmar que diálogo é o primeiro passo para a construção de soluções duradouras.”
Para o General Diógenes, o Diálogo Príncipe da Beira é uma iniciativa que traduz a vocação da 17ª Brigada de atuar não apenas como força de defesa, mas também como elo de cooperação com a população amazônida. Ao fim do encontro, ficou evidente que a construção de pontes entre diferentes realidades é possível quando há disposição para ouvir, compreender e trabalhar em conjunto.

A reunião terminou com um sentimento coletivo de que esse não é um ponto final, mas o início de um novo ciclo de confiança, diálogo e parceria entre o Exército Brasileiro e os povos originários da Amazônia.