O garimpo está localizado entre os municípios de Cacoal e Espigão d’Oeste, na região central do estado de Rondônia. Atualmente, segundo um levantamento da organização não governamental Greenpeace, o garimpo vem devastando uma área equivalente a 78 hectares, o que abrange, segundo a ONG, cerca de 108 campos de futebol.
A denúncia, que confirma a presença de garimpo ilegal nas cercanias do rio Fortuninha (na região central da Terra Indígena) e nos braços do rio Fortuna, na parte nordeste do território, foi feita por meio de imagens de satélite. A ferramenta, segundo a ONG, registra o “mapeamento de garimpos em Terras Indígenas por meio de alertas gerados por radares e sensores ópticos, utilizando os sistemas GLAD (Global Forest Watch) e RADD (Radar for Detecting Deforestation) na ferramenta interna do Greenpeace, batizada de ‘Papa Alpha’”, descreve a entidade.
A presença dos garimpeiros na região contribui para a destruição da floresta na Terra Indígena do povo Paiter-Suruí que, assim como outros territórios na Amazônia, vem sendo cada vez mais alvo de crimes cometidos por invasores, madeireiros, grileiros e fazendeiros ilegais. De acordo com o Greenpeace, é urgente a presença de forças policiais enviadas pelo governo federal para expulsá-los da localidade.
Em uma reportagem do próprio Greenpeace, é revelada a ousadia dos garimpeiros, que passaram a investir em maquinário pesado para atuar no processo de devastação, como mostra a imagem fotografada de uma retroescavadeira. Sozinho, “o equipamento é capaz de fazer em apenas um dia o serviço de escavação e abertura de clareiras que quatro homens levariam 40 dias para conseguir. Isso traduz o cenário perigoso causado pelo garimpo ilegal”, explica o relatório.
A investigação constatou que o garimpo ilegal nessa parte da reserva ocorre há mais de uma década. Somente em 2024, a destruição associada à atividade já atingiu cerca de 72,16 hectares de floresta, contra 55 hectares em 2022.
Jorge Eduardo Dantas, da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, classifica a situação como grave, afirmando que a extração de minérios na Terra Indígena causa diversos danos, como desestruturação social, ameaças à saúde e atos de violência contra povos indígenas e comunidades tradicionais.