Este livro é fruto de pesquisa realizada para o Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Escrito por Rosália Aparecida da Silva, sob a orientação da professora Nair Ferreira Gurgel do Amaral, conta com a honrosa participação de José Gadelha da Silva Junior no prefácio. O principal objetivo foi verificar como a espetacularização produziu sentidos na mídia impressa da época, além de investigar as ideologias presentes nos discursos sobre a elevação das águas, discutindo as condições de produção do discurso e dos sentidos.
O corpus de análise foi composto por documentos governamentais (Defesas Civis/Bombeiros, SIPAM, Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal) e matérias da mídia (consulta ao arquivo do jornal Diário da Amazônia). Foram analisados 1.076 arquivos textuais (verbais e não verbais), representando diferentes gêneros do discurso jornalístico. Escolheu-se como representação da mídia o jornal Diário da Amazônia, o único veículo de comunicação impressa em circulação diária, na época, na capital.

Os discursos produzidos sobre a cheia do rio Madeira em 2014 ressoaram tanto quanto a subida histórica das águas. O desafio enfrentado entre a linguagem técnica e a busca pela popularização da ciência é uma constante para aqueles que atuam na área, nos diversos órgãos de pesquisa e produção de novos conhecimentos. Jornalismo e ciência são áreas que, embora não estejam isentas de influências e posicionamentos externos, continuam sendo essenciais à vida contemporânea.
Naquele momento, diversas falas, defesas, teses e contrateses foram apresentadas. Uma das principais discussões relacionadas à cheia estava vinculada à recente construção de usinas hidrelétricas no rio Madeira, debate iniciado no início dos anos 2000, com o avanço das propostas e a consolidação das usinas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO). No entanto, os discursos nem sempre convergiram; havia tanto concordâncias quanto discordâncias entre os interesses envolvidos.
Assim, Rosália e Nair exploram a espetacularização e a midiatização, o rio e o imaginário. Elas estão prontas para embarcar, atravessando o rio em seu curso, enfrentando os banzeiros, mas escolhendo a rota — rio acima, rio abaixo, entre transbordamentos e vazões. O rio revelou suas margens e, das memórias e interdiscursividades, emergiram as águas passadas da espetacularização e midiatização: um rio e seu imaginário. Dos barrancos às vazantes, ideologias e sentidos foram construídos. Até que chegou a hora do sobrevoo sobre o rio. As autoras observaram os fenômenos naturais e antrópicos, extraindo lições valiosas daquela cheia. Os banzeiros da mídia mostraram os afluentes e tributários desses discursos, apontando prejuízos e riscos como resultados da exploração nesse “chavascal” discursivo.
A boreste ou a bombordo desta embarcação, concluíram que o ano de 2014 foi singular para quem vive em Rondônia. No dia 30 de março de 2014, o rio Madeira atingiu o maior pico registrado historicamente: 19,74 metros. Até então, a cota máxima havia sido de 17,52 metros, registrada em 1997.











































