Às margens do Rio Madeira, na região do Pedral que leva ao Rio Marmelos, no Amazonas, um navio com características do século XIX tem chamado a atenção dos moradores desta parte do país. A embarcação emergiu após a seca do Madeira.
Em imagens que circulam na rede social TikTok, o responsável pelas cenas, o morador identificado como André Pinheiro, relata e comemora o que ele descreve como um acontecimento histórico.
“Como eles eram movidos a vapor, esses tijolos aqui, pela pesquisa que eu fiz, eram feitos em Portugal com óleo de baleia e, inclusive, eram usados nas praças de máquinas dos navios”, conclui.
A base estrutural do navio, cuja metade ainda está submersa, remonta a uma embarcação possivelmente movida a vapor, o que era comum no transporte de cargas e passageiros durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). “Cheguei à conclusão de que esse navio desapareceu há mais de 150 anos, por volta de 1864”, acredita André.
É importante ressaltar que, segundo o fotógrafo e historiador norte-americano Dana B. Merril, os trabalhos iniciais da construção da EFMM, na região que hoje é o estado de Rondônia, começaram por volta de 1871, sendo inaugurada em 1912.

Em uma pesquisa da época, o ribeirinho amazonense informa que duas embarcações foram dadas como desaparecidas. Ele sugere que o barco encontrado na região do Pedral do Marmelos, no Rio Madeira, pode ser um deles.
“Os dois navios que subiram o Rio Madeira eram desses modelos aqui”, explica o jovem, complementando a identificação do barco: “não tinha hélice, mas sim aquelas rodas giratórias a vapor”.
O homem postou outros vídeos, onde relata que retornou ao local para esclarecer dúvidas dos internautas que o seguem. “Estamos aqui mais uma vez nesse mistério. Pessoal, aqui realmente não é o Rio Marmelos. O local exato onde a embarcação foi localizada chama-se ‘Pedral do Marmelos’, que os marinheiros usam como referência. Aqui não é o Marmelo, mas sim o Rio Madeira”, pontua.
Apesar das suposições criadas sobre a situação, a identificação correta da embarcação, bem como a precisão da época e a empresa fabricante do barco, só poderá ser realizada com o trabalho de arqueólogos e historiadores. A reportagem do News Rondônia enviou os vídeos para análise de estudantes de Arquivologia da Universidade Federal de Rondônia. Para eles, trata-se de um achado “histórico, mas não pré-histórico”. Além disso, esperam que a embarcação seja alvo de estudos para que a história, que possivelmente remete à construção da EFMM, se fortaleça, destacando a importância da maior obra do início do século XX nesta parte do país.
Com informações: manausnautica e alekspalitot.com.br