Na fronteira com a Bolívia, João Lins Dutra, o popular “João Pomba”, marcou uma era em que o narcotráfico imperava sobre a cidade de Guajará-Mirim, Rondônia. Entre os anos 80, 90 e 2000, a maneira pela qual ele lidava com o crime organizado, principalmente na apreensão de cocaína e armas, chamou a atenção de órgãos de imprensa internacionais.
O jeito peculiar de agir ganhou destaque por um canal de TV alemã. A equipe foi até Guajará-Mirim reportar a rotina do policial civil. Após isso, João Lins Dutra passaria a ser reconhecido como o “Xerife da Fronteira”. No país, chegou a ser homenageado ao lado de integrantes de sua equipe, na época.
João Pomba mantinha um jeito peculiar de lidar com a vida. No ambiente de trabalho, era reservadíssimo. Estava sempre com um inseparável cigarro entre os dedos e usando um boné de aba reta. Se sentado, as pernas ficavam entrelaçadas. O bigode também foi uma marca no homem que mal atingia 1,60 metros ou pesava 80 quilos.
Pela cidade fronteiriça, sua inseparável moto (Bis) era outro detalhe à parte. Independente da função como policial, João tinha livre acesso de ir e vir na região que ajudou a manter a ordem. Os próprios criminosos mantinham respeito em torno da pessoa dele, ao ponto de a fama chegar naqueles que eram capturados por sua equipe. João Pomba fazia parte do quadro de policiais aposentados da Polícia Civil (PC), chegando à instituição ainda durante o Território Federal. Mesmo aposentado, atuava na corporação.
A morte do policial, na manhã desta quarta, 27/12, em Guajará-Mirim, pegou muitos de surpresa. O Sindicato dos Policiais Civis dos ex-Territórios Federal de Rondônia (Sinpfetro) emitiu uma nota lamentando o fato e destacando a importância do trabalho do policial para o estado. “João Pomba trabalhou sempre na cidade de Guajará-Mirim, onde se destacou como um dos mais valorosos policiais do ex-território, servindo assim como exemplo a várias gerações de policiais, sendo o seu trabalho destacado em Rondônia e até mesmo no exterior, recebendo ele medalhas até mesmo de organismos internacionais, ficando conhecido como o Xerife da Fronteira”, pontua.