Os marcadores vivos são aqueles criados pela natureza. A historiadora da Universidade de Lisboa, Isabel Castro Henriques aborda a água e a vegetação, ressaltando que estes devem ser interpretados e classificados em vista da socialização. A autora cita como exemplo a Mulemba (Ficus thonningii) que determinados grupos africanos ao se deslocarem a outro local, levam consigo um ramo de mulembeira para plantar.
Essa árvore é tida por esses grupos como um anúncio da presença dos espíritos, pois de acordo com Henriques “Se ganha raízes, tal quer dizer que os espíritos já instalados na terra, aprovam essa instalação. Se, contudo, a mulembeira seca, tal deve ser – e é – interpretado como uma rejeição dos espíritos”. A mulemba ou figueira-africana é uma tradicional árvore da família das Moráceas, chegando a atingir de15 a 20 metros de altura.
Na avaliação do geógrafo rondoniense da Universidade Federal de Rondônia, Adnilson de Almeida Silva, os marcadores vivos poderiam ser considerados como naturais, visto que neles estão presentes montanhas, morros e cavernas – que poderiam ainda, se situar em outra subcategoria (a-biológicos), mas com a recorrência de espiritualidade e valor simbólico são considerados como referencial de abrigo, morada dos espíritos e possibilidade de geração de novas vidas.

É na vivência dos seringais da Pan – Amazônia do que nos deparamos com um dos mais relevantes marcadores territoriais vivos: a seringueira (Hevea Brasiliensis), uma árvore que chega a atingir até 30 metros de altura e com um tronco que pode variar de 30 a 60 cm de diâmetro. Face à sua relevância histórica, a seringueira tornou-se a grande propulsora de extração do látex para a produção em larga escala da famosa borracha natural.
O seringueiro possui em seu ser, um brioso respeito pela seringueira. Através da seringueira ele pode arrancar o sustendo de sua família, mesmo sob duras penas. O ex-seringueiro Osvaldo Teotônio de Paula nos diz que viveu a vida inteira dentro da mata e não havia outra coisa mais importante do que a seringueira: “A seringueira é a nossa segunda mãe. Eu mesmo fico doente quando vejo alguém falando que foi fazer derrubada e derrubou uma infinidade de seringueira. Me dói no peito professor. Eu adoeço. Ela ainda está dentro de mim”. Disse Osvaldo Teotônio.