Bancos de areia se espalham por uma grande extensão do rio Madeira. Do alto, o cenário do afluente do rio Amazonas, na região de Porto Velho (RO) evidencia um curso d’água judiado, estressado, desgastado pela ação humana. O processo de assoreamento, não segue apenas o natural, avança sob os efeitos causados pelos crimes ambientais.
Dragas e balsas, que insistem na mineração de ouro, são, segundo pesquisas, as responsáveis por essa catástrofe contra o principal rio de Rondônia. Imagens aéreas, captadas recentemente por um agente do Corpo de Bombeiros, esclarecem mais um flagrante do desrespeito ambiental, na floresta amazônica. “Não acreditava que dava para atravessar o rio Madeira a pé”, narra.
A cada ano que passa, o registro vem se tornando comum, na extensão do Madeira até próximo a Curicaca, pedaço em que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) já precisou realizar o processo de dragagem. Nesta parte do país, a certeza da impunidade é abraçada pelo aval da lei, que autoriza a mineração ainda que diante de uma transgressão. Provas?
Existem e são robustas. As imagens aéreas, poderiam auxiliar nos trabalhos de investigação por órgãos fiscalizadores, mas ao que tudo indica, a atuação destas instituições não caminha na mesma velocidade daqueles que cometem as violações.
O crime ambiental no Rio Madeira é antigo. Historicamente documentado, iniciou na década de 80, com o “ciclo do ouro”, tendo parte de suas extensões infestada por dragas e balsas. As chamadas “fofocas”, que nada mais eram que a aglomeração dos equipamentos, um ao lado do outro, garantiam aos grandes e pequenos empresários do minério, muitos latifundiários, a liberdade para atuar livremente.
Ao contrário de hoje, em que as ‘leis’ ambientais são mais “rígidas”, e apesar disso, essas pessoas continuam se valendo delas para abrir caminho aos crimes, os antigos donos da mineração ditavam as próprias regras, numa espécie de ‘vale tudo’ sobre as águas. Pesquisa realizada pela Repórter Brasil, afirma que os crimes ambientais nos rios da Região Norte, aumentaram consideravelmente nos quatro anos do governo Bolsonaro. “Das “115 toneladas de ouro retiradas da Amazônia, nos últimos 6 anos, parte, segundo a pesquisa tem origem duvidosa”.
O que diz a Capitania dos Portos.
Este ano, o alerta emitido pela Capitania dos Portos de Porto Velho, não mudou nada dos anos anteriores. A recomendação, mantém o alerta para os cuidados, principalmente as embarcações. O risco de uma delas encalhar ou virar aumenta, por conta dos bancos de areia, das rochas que passaram a ficar mais evidentes com o assoreamento.
A proibição prevê até multa para quem desrespeitar a ordem de navegar na parte da noite. Quanto a secura do Madeira. A previsão é que o rio continue secando, pois, as chuvas devem até cair no decorrer de setembro, mas não serão suficientes para subir o nível de forma navegável.