Durante visita técnica realizada no dia 10 de setembro (domingo) no Real Forte Príncipe da Beira (1775-1783), observou-se que no local está acontecendo uma pesquisa arqueológica com escavações, registros e salvamento de algumas partes internas da fortaleza.
As áreas que estão sendo escavadas são: lado direito da entrada principal entre as residências que dão acesso ao baluarte de Santa Bárbara e o lado esquerdo entre as residências que dão acessos ao baluarte de Santo Antônio de Pádua.
A princípio, “superficialmente”, verifiquei que a escavação está concentrada na parte interna, especificamente na área de passeio (ruas) do forte, pois as marcações estão visíveis e alinhadas com estacas de madeira e fita nos entornos das residências.
O que chamou atenção, foram as estruturas, em ambos os lados da escavação. Após uma sondagem, um retângulo medindo aproximadamente 11 X 7 de comprimento surgiu durante a escavação. Ambas, restam apenas o alicerce feito com rochas lateríticas, alinhadas e bem posicionadas. O que impressiona é que tal estrutura estava encoberta por entulhos diversos (cacos de cerâmicas, pedaços de tijolos, restos de telhas, misturados com barro), ficando abaixo de 40 centímetros.
Na escavação que está sendo realizada próxima as residências, nota-se a presença de um nivelamento com tijolos maciço frontal, servindo como nível para as camadas superiores, ou seja, as paredes. 40 centímetros acima, temos um outro tipo de nivelamento com os mesmos tijolos, porém estão posicionados de lado.
“Hipoteticamente”, supus que para tal estrutura que foi encontrada, exatamente ali, “poderia” ter sido um “estábulo” (lugar onde guardava os cavalos), porém, ainda é muito cedo para afirmarmos ou tomar decisões precipitadas. Vamos aguardar mais informações.
Para o historiador e pesquisador, Lourismar Barroso, que há mais de duas décadas vem pesquisando o Real Forte Príncipe da Beira, escreveu 5 obras sobre essa fortificação, inclusive sua dissertação de mestrado, resta apenas uma dúvida: e se a tal estrutura for o paiol? Uma vez que na grande maioria das fortificações, houve em seu interior um lugar específico para guardar os armamentos e munições.
Veja também:
DESCOBERTA HISTÓRICA: A pedra icônica da Expedição Rondon-Roosevelt (1913-1914)
No mesmo projeto de escavação, foi escavado e encontrado as bases dos pilares da ponte levadiça que dava acesso pela entrada principal da fortaleza para o seu interior. A ponte levadiça consta no projeto da planta oficial de construção do Real Forte, porém não foi concluída há tempo. Na escavação arqueológica realizada recentemente (2023), foram descobertos somente a base de 8 pilares da então ponte levadiça.
Em uma filmagem feita pela Comissão de Linha de Fronteira do Cel. Rondon, aparece a imagem dos pilares em pé, sendo perceptível o seu alinhamento. Talvez tenha surgido a ideia de fazer a busca por essa base, o que se comprovou com a escavação sua existência. Desta forma, resta-nos aguardar o relatório que será apresentado pela empresa ANX Arqueologia e Engenharia ao IPHAN. Em assim sendo, saberemos do que se trata o achado.
Deixe seu comentário
