Por Emerson Barbosa
Centímetros separam a água do Rio Jacy-Paraná do prédio da Escola Pin Karipuna, à cerca de 200 km de Porto Velho. Desde que o Jacy começou a subir seguidamente, há mais de 10 dias, os cincos estudantes do colégio estão apreensivos. Com o prognóstico de mais chuvas nos próximos dias, não vai demorar que a previsão torne realidade. O temor é que a água entre agora nas salas de aula.
Por enquanto, o turno tem funcionado normalmente mesmo que chegar na escola significa colocar os pés no molhado. É o que afirma o cacique da aldeia, André Karipuna. O filho dele, Ícaro Karipuna, de 09 anos é um dos estudantes.
“As aulas estão funcionando, mas temos receio por não saber até quando por causa da situação”, explica ele.
A situação da qual teme André tem a ver com a cheia do Jacy. O afluente do Rio Madeira tem subido tanto que resultou na expulsão de metade dos indígenas da Aldeia Karipuna. Das 62 pessoas que vivem na comunidade, 39 se viram obrigadas abandonarem suas casas depois que a água começou a invadir tudo.
Imagens feitas na segunda-feira, 27 e obtidas com exclusividade pela redação do News Rondônia, mostravam o avanço da água, praticamente próxima de encobrir as janelas.
O quintal deu lugar a um imenso igarapé. A plantação está dentro d’água. A criação só não foi perdida porque seguiu com as famílias rumo a terra firme.
Servidores da Defesa Civil e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) estiveram há cinco dias na aldeia. Segundo o cacique, eles olharam, deixaram alguns utensílios e partiram sem entrar em detalhes. André espera por um relatório que comprove o motivo da enchente em sua aldeia.
“Vieram e foram embora no mesmo dia. Não fizeram um trabalho técnico como nós acreditamos que deveria ter sido realizado, principalmente mostrando a ocorrência desse impacto da água sobre a aldeia”, esclarece.