Por Emerson Barbosa
Visitas e expedições in loco por autoridades, reportagens feitas por diversos meios de comunicação do país mostrando a situação precária da malha viária e a importância dela para a unificação por terra de dois estados. Nada disso ainda foi o bastante para convencer autoridades da reconstrução da BR-319. A rodovia construída na década do ditador Ernesto Geisel liga por terra Porto Velho (RO) a Manaus (AM) em uma extensão de 877 km.
A pauta para a recuperação da BR-319 já esteve na mesa dos últimos quatro presidenciáveis, mas até o momento, nenhum deles foi capaz de levar a obra até a sua total conclusão. O mal-entendido estaria associado aos danos ambientais acerca da reconstrução, ao que ela poderia provocar a um dos biomas mais verdes floresta Amazônica, o trecho do “meio”, que vai do km 250 ao km 655,7.
Com o final do governo Bolsonaro (PL) que não cumpriu a promessa feita de recuperar a rodovia durante uma visita a Manaus, a pauta continua em andamento e mais viva que nunca, só que desta vez, o assunto foi repassado ao governo do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reconstrução da Br-319 foi incluída nos [projetos] apontados como de prioritários para o país nos 100 dias do Ministério dos Transportes.
Os parlamentares amazonenses já debaterem o assunto este ano. O governador do estado, Wilson Lima (União Brasil) chegou a declara “que vai debater pessoalmente o tema com o governo federal”. Além disso, Lima explicou que “há mais de 20 anos, o governo amazonense discute tratativas que implicam na pavimentação do trecho do meião”.
Em nota, o Ministério dos Transportes esclareceu que a rodovia “será contemplada com projetos básicos de engenharia. No pacote estão, as “ações necessárias para a pavimentação, sendo as obrigações impostas pelas condicionantes exigidas no processo de licenciamento ambiental”, explicou a pasta. A construção [de portais terrestres no entroncamento da rodovia 319/230 em Humaitá e entre o município de Manaquiri] também serão construídos este ano.
Concluída durante o governo do ditador brasileiro, Ernesto Geisel, a Br-319 é dividida nos seguimentos [A, B, C e D e incluindo o famoso ‘meião’]. A obra neste ponto está em fase de autorização previa, o que significa que enquanto as ‘condicionantes não forem apresentadas, as licenças para a recuperação da extensão asfáltica, não poderão ser liberadas.
No final do mandato de Bolsonaro em 2022, autorizações consideradas irregulares foram assinadas pelo Ibama e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), mas todas por pressão dos órgãos fiscalizadores acabaram suspensas.
O presidente Lula afirmou que a recuperação da rodovia em plena Região Norte do Brasil será uma prioridade de seu governo, mas a fala de Lula para o cientista, Phillip Fearnsid, não condiz com o discurso dele durante a campanha, quando o presidente defendeu o “meio ambiente e a causa indígena” sendo de extrema prioridade da sua gestão. A entrevista do cientista foi feita ao site A Crítica.
Fearnside acredita que reconstrução traria de imediato a invasão pelos desmatadores para dentro do chamado “arco do desmatamento”, inclusive, expandido os crimes ambientais no que o cientista aponta de “estradas associadas chegando até o rio Purus, na fronteira com Peru”.