O corpo enfraquecido e quase sem sustentação reflete os dias dentro da selva amazônica. “Eles chegaram com insuficiência pré-real, por conta da falta de ingestão adequada de líquidos. O quadro de infecção era generalizado”, explicou a diretora clínica do Hospital Regional Dr. Hamilton de Manicoré, Suzy Sertafy.
No dia 18, de fevereiro, os irmãos, Gleison Carvalho Ferreira, 09 anos e Glauco Carvalho Ferreira, 07, saíram de casa onde vivem com a família, em Manicoré Amazonas, para caçar passarinhos.
Porém, as crianças acabaram perdidas na mata, começava então um drama que terminaria, 26 dias depois. “Eu passava a noite inteira chorando. Não tinha hora, não dia pra mim chorar”, lamenta a mãe, Rosinete Silva (sic). Bombeiros de Manicoré chegaram a procurá-los, mas encerraram as buscas com o passar dos dias.
Cerca de 36 km de casa, os garotos foram encontrados por um homem que fazia a colheita de castanha, naquela região. Eles são da etnia mura e chegaram ao Hospital Regional de Manicoré com o esquema de saúde extremamente debilitado. Juntos os irmãos não pesavam nem 30 quilos.
O mais velho contou que não comeram nada durante o tempo em que estiveram perdidos, apenas faziam a ingestão de água. “Eles não comeram nada nesse período, somente tomaram água da chuva”, enfatiza.
A população de Manicoré fez festa aos saber que as crianças haviam sido achadas com vida. Uma multidão foi para frente ao hospital.
Gleison e Glauco, continuam sob cuidados médicos, mas já apresentam melhora clínica considerável, principalmente do quadro inflamatório grave. “Pedia para Deus que um dia eles iriam voltar pra casa” (sic), declarou a mãe dos meninos.