O transporte público tem papel fundamental na rotina do brasileiro. Entre as opções disponíveis, o ônibus é o mais utilizado pela população. Na capital paulista, por exemplo, 47% das pessoas usavam esse meio de transporte em 2019.
Enquanto metrôs e trens têm um alcance limitado, os ônibus conseguem atender uma grande quantidade de bairros, mesmo os mais distantes. Apesar do custo-benefício vantajoso, carros econômicos e serviços de aplicativo ganharam destaque durante a pandemia do novo coronavírus.
A seguir, veja como o brasileiro trocou o ônibus pelo carro durante a pandemia e entenda as razões que levaram a essa escolha.
Pandemia e distanciamento social
Em março de 2020, o novo coronavírus já circulava em terras brasileiras e havia poucas informações sobre a propagação da doença e como tratá-la. Por isso, uma quarentena foi decretada em diversas cidades e estados. Vale ressaltar que a estratégia também foi utilizada em outros países para diminuir a circulação do vírus.
Alguns meses depois, máscaras de proteção e distanciamento social foram consideradas as principais maneiras de evitar a doença. Diante desse cenário, muitos funcionários começaram a trabalhar de casa e aqueles que precisavam ir à empresa ou comércio presencialmente eram desencorajados a usar o transporte público.
A combinação entre aglomeração e má ventilação mostrou-se perigosa, diminuindo a popularidade dos ônibus, que costumam circular com um grande número de passageiros. Então, o brasileiro precisou buscar alternativas para sair de casa em segurança.
Brasileiros mudam hábitos para se proteger
Segundo uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo, em 2020, 35% dos entrevistados continuavam usando os ônibus como meio de transporte principal durante a pandemia do novo coronavírus. O número representa uma queda de 12% em comparação com 2019.
Entretanto, não foram apenas os ônibus que registraram queda. Outras formas de transporte público também viram os números encolher. Entre 2019 e 2020, o número de usuários que utilizam o metrô caiu 4%; entre os usuários do trem, a queda foi de 2%.
Em contrapartida, a utilização dos meios de transporte individual ou particular apresentaram alta durante a pandemia. Os carros próprios tiveram um aumento de 20% a 25% e os aplicativos, de 5% a 6%. Portanto, os números mostram que os brasileiros buscaram opções mais seguras para evitar a contaminação nos transportes públicos.
Aplicativos registram altas
Em comparação com as tarifas do transporte público, as corridas por aplicativos ainda são um empecilho para muitos cidadãos. Mesmo assim, 55% dos moradores de bairros periféricos de seis capitais começaram a usar os aplicativos com mais frequência.
Segundo a pesquisa Datafolha encomendada pela Uber, os três critérios mais importantes para escolher um meio de transporte são: aglomeração (29%), segurança (20%) e risco de contaminação (14%). Isso mostra que, em meio à crise sanitária, as pessoas estão em busca de segurança, o que justifica a alta registrada pelos aplicativos.
Aluguel de carros é uma opção
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, pouco mais de 2 milhões de carros foram vendidos em 2020. O número representa uma queda de 26,2% em relação ao ano anterior e evidencia a retração do setor durante a pandemia de Covid-19.
Nesse cenário, muitas pessoas passaram a enxergar o mercado de aluguel de carros como uma alternativa, já que estava mais difícil para comprar veículos. As empresas vinculadas à Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABL) registraram média de ocupação da frota de 70% a 75% em 2020, por exemplo.
Os dados mostram que uma parcela dos trabalhadores conseguiu alugar um automóvel e evitar a aglomeração nos transportes públicos — solução que deve acompanhá-los enquanto a pandemia não é controlada no país.