Canutama, SUL DO AMAZONAS – Num desdobramento de operações similares realizadas em anos anteriores, o Governo do Estado lançou a uma semana atrás, mais uma operação de combate ao desmatamento ilegal nesta parte da Amazônia Ocidental brasileira.
Prevista para alcançar um maior número de áreas livres de queimadas e de fogo atribuído a pequenos, médios e grandes produtores, a 'Operação Tamoiotatá', segundo o Palácio do Governo amazonense, vai consumir R$ 9,5 milhões dentro de um teatro operacional que irá abranger toda região do Sul do Estado, apontaram dirigentes da referida operação a partir da Capital da Zona Franca de Manaus (ZFM).
De acordo com lideranças entre povos tradicionais de Canutama, Labrea, Humaitá, Manicoré e Apui – este ainda e considerado o maior Projeto de Assentamento da América Latina, desde a era Gilberto Mestrinho -, 'o emprego das policias Civil e Militar, e servidores do Meio Ambiente deveria alcançar, não apenas infratores por queimadas, mas, grandes produtores vindos dos vizinhos estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso'.
Em linhas gerais, a Operação Integrada Tamoiotatá tem o objetivo de frear os elevados índices de queimadas registrados nas últimas décadas na região. Principalmente nos municípios de Canutama, Labrea e Humaitá com a Capital rondoniense e dos distritos da Ponta do Abunã – área de maior concentração de madeireiras que se alimentam da extração ilegal advindas das reservas Mapinguari, Campos Amazônicos e de áreas de proteção ambiental nos dois lados.
A deflagração de mais uma operação, cujos objetivos teria o caráter, na inicial dessa nova empreitada, de acordo com os planos estratégicos traçados pelo Governo amazonense, 'miram o fim do continuísmo dos focos de desmatamentos e queimadas em propriedades rurais'.
Para isso acontecer, diante dos resultados considerados pífios durante a Operação Querequetê duas bases operacionais foram montadas para conter o avanço de crimes ambientais, uma em Apuy no viés da Transamazônica, outra na cidade de Humaitá, a 200 quilômetros de Porto Velho.
Na edição deste ano, segundo analistas ambientais consultados a partir da Capital Manaus, a ação visa empregar durante a Operação Integrada Tamoiotatá um sistema moderno de monitoramento por satélite e de estrutura de inteligência para botar fim aos desmatamentos ilegais e queimadas irregulares na região Sul do Estado.
O esquema montado se atem na instalação de um Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) em pontos estratégicos do Sul do Estado, com uso de novas tecnologias por imagens de satélites de alta resolução sobre o bioma dos Campos Amazônicos, Reserva Mapinguari e áreas paralelas de proteção ambiental, sobretudo no Sul de Labrea e Canutama.
Sobre o assunto, uma alta fonte do Governo amazonense acreditada na cidade de Humaitá, informou que estão participando da Operação Tamoiotatá, além da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), Instituto de Proteção Ambiental (IPAAM), Polícia Civil, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros Militar. E já começaram a operar a partir da última quinta-feira (1º de Abril).
TEATRO OPERACIONAL – Estudos conhecidos nesta região apontam para a dificuldade que as Centrais Integradas de Coordenação Operacional Municipal (CICOP) terão que enfrentar das bases para as áreas de desmatamento, queimadas e até extração de minério. Apesar de o sistema assegurar análises dos dados diários vindos dos municípios durante a execução do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas, lançado em Junho de 2020, 'existe a possibilidade de se enfrentar problemas com comunicação em tempo real, já que a rede de Internet costuma apresentar inconsistência' – o sistema local é ainda via rádio.
Esses estudos extra-oficiais, também apontam para a necessidade de instalação de uma terceira base operacional na divisa dos distritos de Nova Califórnia, Vista Alegre e Extrema, áreas de conflitos agrários intensos por causa da cobiça de madeireiros e fazendeiros pelo potencial madeireiro nativo no lado amazonense desde as operações Ágata em conjunto com as Forças Armadas, IBAMA e a Policia Federal.
A questão da deficiência entre as bases de Humaitá e Apui, segundo fontes militares, 'essas bases tendem a enfrentar problemas de mobilidade em áreas de difícil acesso guardadas por supostas milícias rurais instaladas a partir de guaritas de observação nos trechos entre Humaitá (sede do 54º Batalhão de Infantaria de Selva), o Sul de Canutama e de Lábrea na divisa com Porto Velho, distritos de Jacy-Paraná, Extrema, Abunã, Vista Alegre do Abunã e Nova Califórnia, informam lideranças ambientais e agrárias que escaparam de tentativas de assassinato por crime de mando ' – o popular crime de encomenda.
Além das bases de Apui e Humaitá.
Com as fortes chuvas que caem sobre a região Sul de Canutama, Lábrea, Humaitá e Apui, por essas bases, a cobertura desse importante e estratégico território amazonense do Sul do Estado, 'ficará a descoberto por longos períodos, caso não haja garantia de uma rede contínua e fixa de Internet', prevêem militares consultados por este site de notícias com longa cobertura jornalística no Sul do Amazonas.
– Nessa imaginária rede de fragilidade, a exemplo dos resultados considerados pífios obtidos em várias operações de combate ao desmatamento e queimadas, os pontos mais críticos ao longo dos rios Ituxi, Iquiri, Queretetê e da Serra da Lua, ficarão a descobertos, revelaram militares com larga experiência em guerra (?) na selva do Sul do Amazonas.
Eles apontam, com a certeza de que os problemas das queimadas, desmatamentos e extração ilegal de madeira para dar lugar a criação de gado (pastos), caso as bases não estejam conectadas 24 horas com os centros de comunicação na Capital Manaus, 'a tendência, como nos anos anteriores, facilitara a potenciais infratores do lado rondoniense e acreano continuarem na impunidade', atestam os mesmos estudos.
Assim, sem estudo mais profundo de todos os focos de infrações que visam a Operação Tamoiotatá- e outras em breve futuro – , 'o roubo de madeira nessa região não serão contidos' durante a atuação dessa nova operação, sucedânea da Operação Querequetê, 'a vaca pode ir por brejo e pode não apresentar os resultados esperados pro seus coordenadores', assinalou um ex-tenente aposentado que resolveu abraçar a causa da preservação das florestas em pé.
EMPURRADAS COM A BARRIGA – Essas práticas ilegais, de acordo estatísticas tiradas em parte das operações Ágata e de outras sob o comando do IBAMA e da Polícia Federal na região da Ponta do Abunã, no limite dos territórios indígenas das nações Kaxarari e de nativos amazonenses, viriam ocorrendo ao longo das última três décadas, sobretudo em áreas da Reserva Mapinguari e dos Campos Amazônicos, no lado amazonense de Cautama e Lábrea.
Para remanescentes do massacre do Seringal São Domingos, no Sul de Lábrea, os maiores focos de desmatamento e queimadas ainda hoje são atribuídos a pequenos produtores rurais. 'Na verdade, quem desmata e rouba madeira das reservas, bota embaixo seringais e castanhais são madeireiros e fazendeiros do lado acreano e rondoniense', é o que afirmam nativos em depoimentos quando contaram os mortos às autoridades federais.
Apesar da importância do ato, nessa fase crítica que enfrenta a humanidade com adventos que afetam o clima em todo o mundo por causa dos desmatamentos e queimadas, 'o Governo do Amazonas tem sido omisso para com os nativos do Sul do Estado, deixando-os à própria sorte no combate as incursões das madeireiras, grileiros e fazendeiros que incursionam no lado amazonense', atesta a assistente social Francisca da Silva, 57.
Para ela, o governador do Amazonas Wilson Lima, deveria envolver as Forças Armadas e a Polícia Federal na Operação Integrada Tamoiotatá. 'Ao que parece, grileiros e madeireiros ilegais até agora só respeitaram as forças de segurança, que ao ocuparem a região 'dão um freio à matança de nossos irmãos amazonenses', sobretudo, dos remanescentes de soldados da borracha e nativos já mortos e outros expulsos de suas terras no Sul do Amazonas, ela arrematou.