É uma coisa que me impressiona muito a frivolidade com a qual algumas pessoas dizem “eu te amo”, quando na verdade não é mais do que mera atração e meia dúzia de afinidades; igualmente impressionante a dificuldade de outras pessoas em declararem seu amor, como se isso as fosse tornar inferiores a nós outros. Quem declara seu verdadeiro amor é sem dúvida o mais forte dos humanos.
Há quem acredite que lembrar de uma pessoa amada que não mais está conosco seja algo sofrível, eu entretanto, acredito que pior mesmo é sentir carinho e amor por alguém que decidimos racionalmente que não deve estar a nosso lado.
O que é pior: Estar casado com alguém que não amamos; ou não estar junto de quem amamos?
Nos dias de hoje está tão complicada a situação para encontrar um amor que, antes de qualquer coisa e logo em seguida do nome, é prudente perguntar a orientação sexual para evitar dissabores (e possíveis processos?!).
Mais importante – muito mais mesmo! – que ter um grande amor, é ter uma grande amizade para nos ouvir quando o grande amor nos deixar.
Ao fim de uma separação a mulher entra num casulo cujo resultado será uma metamorfose que a transformará num ser desejado tanto pelo ex quanto por todos os amigos do ex.
Saibamos da existência de um consenso entre as mulheres de nossos dias que nós homens perdemos, se é que algum dia minha geração o teve, a fina capacidade de galanteio respeitoso, cuja abordagem polida e delicada lhes causam imediatamente o frio na barriga e a curiosidade em descobrir o que há além de um convite para o café e das flores oferecidas; existe também consenso entre os homens, de que mulheres que merecem esse galanteio é tão rara que a maioria de nós mal conseguimos nomear alguém além de nossas próprias mães.
Há meus amigos, situação mais delicada que alguém de nossa mais estreita amizade e bem querer, envolver-se com uma pessoa que não vale o adubo depositado “in natura” pelos cães e gatos?
Mais prazeroso do que conhecer dia após dia a pessoa que amamos, é (re)conhecer o mundo à nossa volta com essa pessoa a nosso lado; o primeiro prazer tem prazo limitado, o segundo prazer, pode e deve durar toda uma vida.
Pior do que uma má resposta é não receber resposta nenhuma; pior do que uma má definição é a indefinição.
Mas amemos, amemos pois sem medida. É impossível saber quem merecerá nosso amor, mas também vos pergunto: Amor de quem merecemos nós? Amemos, mesmo que seja para ter lembranças.
Jefrson Sartori